Revista Encontro

Ciência

Telescópio russo-brasileiro em Minas já detectou centenas de lixos espaciais

O equipamento está instalado em Brazópolis, no sul do estado

Correio Braziliense
Com um ano de atividades, telescópio russo-brasileiro instalado na cidade de Brazópolis, na região sul de Minas Gerais, vem ajudando a mapear os detritos existentes na atmosfera da Terra.
O observatório foi construído por meio de uma parceria entre o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA) e a Agência Espacial Russa (Roscosmos), e sua função é se dedicar a rastrear objetos considerados lixo espacial e que podem afetar missões tripuladas ou satélites que passam pela órbita terrestre.

De acordo com Bruno Castilho, diretor do LNA, o Brasil entrou na iniciativa por causa de sua localização geográfica. Para mapear o lixo espacial com precisão, os russos precisavam de um parceiro no Hemisfério Sul. "A Roscosmos tem um telescópio dedicado ao rastreamento na Rússia, que funciona em conjunto com o que operamos aqui. Com um telescópio em cada hemisfério, conseguimos localizar os detritos com mais precisão, porque sua posição é marcada pelos dois lados da Terra", explica Castilho em entrevista para o jornal O Estado de S. Paulo.

Após a obtenção das coordenadas do lixo espacial, os dados são enviados para a Agência Espacial Europeia (ESA) e para a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), para serem registrados em um catálogo internacional. "Mesmo que as iniciativas de remoção ativa do lixo espacial ainda não tenham começado de fato, essas informações já são muito úteis. Quando um satélite novo é enviado, ele é programado para evitar aquela rota com detritos", comenta Bruno Castilho.

O telescópio de Brazólpolis faz parte do Observatório do Pico dos Dias, localizado a uma altitude de 1,8 mil m e funciona diariamente, em noites de céu aberto.
De acordo com o diretor do LNA, ele tem mapeado de 500 a 800 detritos espaciais por noite, desde que foi inaugurado em março de 2017.

"O pessoal da Rússia produz os dados principais e define para onde apontar o telescópio do Hemisfério Norte. Eles então enviam os dados para o Brasil e nossos técnicos fazem as observações. Um software caracteriza exatamente o que é o detrito, envia os dados à Rússia e lá eles fazem o processamento final", diz Castilho ao Estadão.

(com Agência Estado)
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