A maioria dos estados brasileiros já tinha o reconhecimento de zona livre da aftosa com vacinação. Agora, com o novo status sanitário, a comercialização de carnes e animais vivos será facilitada tanto dentro quanto fora do país. "Isso mostra que o Brasil, com um dos maiores rebanhos do mundo, tem se preocupado com as questões sanitárias. Isso passa mais credibilidade e segurança a compradores", comenta Bruno Lucchi, superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil.
Segundo ele, a certificação de país livre de aftosa pode, inclusive, agregar valor a outros setores, como o da suinocultura. "Não temos o mesmo risco , isso agrega valor muito grande às exportações, os mercados pagam bem melhor. Temos o ganho direto e o indireto", afirma Lucchi.
O Brasil iniciou o combate organizado à febre aftosa ainda na década de 1960, por meio de campanhas de vacinação. A partir dos anos 1990, as estratégias de combate à doença passaram do controle para a erradicação, com a implantação do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa, que previu a ampla participação do setor privado e a regionalização no combate a doenças, entre outras ações.
A última ocorrência de febre aftosa no Brasil foi em 2006, no Paraná e em Mato Grosso do Sul, na região de fronteira com o Paraguai.
Para Bruno Lucchi, toda a cadeia pecuária brasileira tem ciência do compromisso sanitário: "O produtor rural, ele mesmo já tem internalizado a importância de ter uma condição sanitária melhor. E quem arca com o custo de vacinar o gado é o produtor".
O vírus da aftosa é altamente contagioso. O animal afetado apresenta febre alta, que diminui depois de dois ou três dias. Em seguida, aparecem pequenas bolhas que se rompem, causando ferimentos. O animal deixa de andar e comer e, no caso de bezerros e animais mais novos, pode até morrer. A doença é causada por um vírus, com sete tipos diferentes, que pode se espalhar rapidamente, caso as medidas de controle e erradicação não sejam adotadas logo após sua detecção.
O micro-organismo está presente em grande quantidade nas feridas e também pode ser encontrado na saliva, no leite e nas fezes dos animais. A transmissão pode ocorrer por contato direto com outros animais infectados ou por alimentos e objetos contaminados. Calçados, roupas e mãos das pessoas que lidaram com animais doentes também podem transmitir o vírus, que é capaz de sobreviver durante meses em carcaças congeladas.
(com Agência Brasil).