Essa avaliação foi feita por especialistas ouvidos pela Agência Brasil.
Para Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, o mundo vive, hoje, momentos de grande turbulência geopolítica. "Primeiro foi essa tentativa de invasão da Síria pelos EUA, França e Reino Unido; ao mesmo tempo, tem a questão da Venezuela, um governo complicado, e a ameaça dos Estados Unidos de adotar sanções comerciais se as eleições naquele país não forem transparentes", comenta Pires.
Conforme o especialista, a atual elevação no preço do óleo no mercado internacional, em um primeiro momento, só traz benefícios para nosso país. "No caso do Brasil, essa alta também beneficia a Petrobras, que voltou a ser uma empresa petroleira. No governo passado, havia uma intervenção muito grande na empresa e acabava que ela tinha prejuízos com o petróleo caro, uma vez que não conseguia repassar para o preço dos combustíveis", afirma.
Adriano Pires diz ainda que a Petrobras não atuava de acordo com a lógica do mercado, de modo que tinha prejuízo com petróleo caro e lucrava somente com o produto barato, já que praticava preços rígidos. "Agora não, o governo, de forma correta, deu liberdade para que a empresa repasse para os preços dos derivados a alta do petróleo no mercado internacional, e isso está ajudando a companhia a se recuperar do estrago provocado pela política do governo anterior. O resultado do último trimestre, quando a empresa aumentou seu lucro em 56% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, comprova isso", afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura.
Quem também concorda com a mudança de posicionamento do governo em relação à estatal é Hélder Queiroz, ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Ele também elogiou a decisão do governo de dar liberdade à Petrobras para praticar preços dos derivados tendo como parâmetro o mercado internacional.
"A política de preços da Petrobras alinhada com o mercado internacional é o que de melhor podia ter acontecido para o setor no país.
Segundo o especialista, preços mais altos são "evidentemente" muito bons. "Pelo lado empresarial porque a Petrobras passa a ter uma possibilidade de geração de caixa maior. Já do ponto de vista tributário há o aumento da arrecadação de royalties, que está atrelada ao petróleo e também ao dólar. Isto faz com que a arrecadação aumente porque o real se desvalorizou um pouco e a arrecadação em reais vai ser maior se o preço do petróleo subir".
Estados
Adriano Pires lembra que, do ponto de vista dos estados e municípios, a alta também é benéfica, uma vez que petróleo caro aumenta a arrecadação dos royalties, que "são sempre uma necessidade, uma vez que a maioria , e principalmente o Rio de Janeiro, passa por grave crise fiscal, talvez a maior da história".
Avaliação semelhante faz o professor Edmar Almeida, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) especialista em energia. Para ele, o Brasil, na atual conjuntura, se beneficia do preço elevado do petróleo e em particular o RJ, que está com sua economia deprimida e tem na indústria do petróleo um polo dinâmico de sua economia.
"De uma maneira geral, a indústria de petróleo do país, que passou por um período de crise muito severa, tem um grande potencial de crescimento e o preço do petróleo elevado acelera esse processo de retomada de crescimento, que aliás já estava ocorrendo com impacto positivo não só para o país, mas também para o Rio", afirma Almeida.
(com Agência Brasil).