Revista Encontro

Internacional

Leite de barata já é uma realidade na África do Sul

Empresa está produzindo o 'entomilk', extraído da barata-besouro do Pacífico

Marcelo Fraga
Em 2016, cientistas do Instituto de Biologia Celular e Medicina Regenerativa da Índia descobriram que o "leite" proveniente de uma espécie de barata chamada barata-besouro do Pacífico (Diploptera punctata) poderia, no futuro, se tornar uma alternativa para alimentar os seres humanos, pois é rico em nutrientes, possuindo quatro vezes mais proteínas do que o leite de vaca, além de ser naturalmente enriquecido com calorias e aminoácidos.
Esse tipo de inseto é o único do mundo que alimenta os filhotes com uma espécie de "leite" expelido pelo próprio corpo.

Na época em que o estudo foi divulgado, o pesquisador Subramanian Ramaswamy, principal autor da pesquisa, revelou ao jornal indiano The Times of India que o próximo passo seria conseguir reproduzir os cristais de proteína do "leite" da barata-besouro do Pacífico em laboratório, pois, obviamente, seria impossível "ordenhar" os insetos como se faz com as vacas – não existem mamilos nessas baratas.

Agora, de acordo com o site australiano News, uma empresa de sorvetes da África do Sul, chamada Gourmet Grub, encontrou uma forma de extrair o "leite" desses insetos. Apesar de não revelar o método, a empresa estaria comercializando produtos feitos a partir do "leite" da barata-besouro do Pacífico, que foi batizado pela companhia de "entomilk" (leite de inseto, na tradução livre).

Ainda segundo o site de notícias, para garantir a qualidade e evitar contaminações, a Gourmet Grub cultiva os insetos em cativeiro. O problema, de acordo com o estudo indiano de 2016, é que cada barata desse tipo é capaz de produzir apenas 0,5 ml de "leite" – para se ter uma ideia, uma vaca da raça gir leiteiro pode produzir 20 l por dia. Portanto, para extrair um litro da substância extremamente nutritiva, seria necessário que a empresa sul-africana matasse pelo menos mil baratas-besouro do Pacífico..