Revista Encontro

Saúde

Excesso de gordura no fígado, como de Whindersson Nunes, é muito perigoso

O problema, chamado esteatose hepática, pode até se transformar em câncer

João Paulo Martins
"Fiz um exame e a doutora disse que eu tinha gordura no fígado que podia evoluir pra um câncer.
O 'c* trancou' que não passava nem sentimento.
Comecei a correr todos os dias há 43 dias. Cuidem da sua saúde, eu ia me 'arrombando' viu?!", publica o humorista e maior youtuber brasileiro Whindersson Nunes, de 23 anos, em sua conta oficial no Instagram. Com quase 30 milhões de fãs no YouTube, o piauiense explicou aos seus seguidores na rede social de imagens que esse problema podia gerar hepatite, cirrose ou mesmo ocâncer, caso não fosse alterado o hábito de vida.

"A médica avisou que eu tinha mais gordura do que o normal no fígado. Ela disse: 'Olha, você pode ter uma hepatite, pode ter uma cirrose e, do jeito que isso está, pode evoluir para um câncer'. Aí eu fiquei com medo. Para mim, a doença mais desgraçada que existe na terra é o câncer.
Eu já perdi pessoas para ele. Minha avó, mãe da minha mãe, morreu de câncer no estômago. E aí, meu amigo, criei vergonha e todo dia estou na academia", comenta Whindersson em vídeo divulgado no Stories do Instagram.

Segundo a nutricionista franco-brasileira Sophie Deram, autora do livro O Peso das Dietas, a esteatose hepática (excesso de gordura no fígado) é uma das doenças mais frequentes na atualidade. A estimativa é que atinja até 30% da população mundial. "É uma doença silenciosa, é normal o paciente descobrir apenas quando vai fazer exame de sangue ou ultrassonografia para avaliar outros problemas de saúde. Porém, demanda atenção: a gordura no fígado pode evoluir para outras doenças inflamatórias, que aumenta as chances de desenvolver cirrose hepática não alcoólica e até câncer", alerta a especialista em texto publicado em seu site oficial.

Ela lembra que a gordura pode se acumular no fígado em decorrência do excesso de ingestão de álcool ou pelo hábito alimentar inadequado. "Sobrepeso, obesidade, diabetes, síndrome metabólica, perda brusca de peso e sedentarismo são fatores de risco para o aparecimento da gordura no fígado. A prevalência aumenta com a idade, mas também pode acontecer entre crianças e adolescentes. Da mesma forma que pode acometer pessoas magras", diz a nutricionista.

Curiosamente, o consumo exagerado de açúcar, especialmente por meio de doces, biscoitos industrializados e refrigerantes, é uma das principais causas de acúmulo de gordura no órgão, e isso já foi comprovado por estudos científicos.

Apesar de existirem medicamentos que ajudam a controlar a esteatose hepática, o ideal é seguir a recomendação do Whindersson Nunes e deixar de lado o sedentarismo. "Alimentação , atividade física, diminuição ou eliminação do consumo de álcool. O intuito dessas modificações é controlar o risco de diabetes, hipertensão e colesterol alto, além da redução do peso. Tudo isso impacta diretamente no nível de gordura no fígado", informa Sophie Deram.

Portanto, a especialista orienta que o estilo de vida saudável, a prática regular de exercícios físicos e a realização periódica de exames diagnósticos contribuem na prevenção desse problema, que é um dos responsáveis pelo aparecimento do câncer de fígado – em 80% dos casos o tumor é do tipo maligno, intitulado carcinoma hepatocelular ou hepatocarcinoma..