Revista Encontro

Ciência

Não é possível deixar Marte parecido com a Terra, por enquanto

Cientistas dizem que não temos tecnologia para 'terraformar' o Planeta Vermelho

João Paulo Martins
O sonho de transformar Marte num planeta habitável para receber uma colônia humana a longo prazo são cientificamente impossíveis com a tecnologia atual, segundo um estudo patrocinado pela Agência Espacial Norte-Americana (Nasa).

Transformar planetas na intenção de expandir a raça humana pelo Sistema Solar é um dos principais temas das histórias de ficção científica, mas também uma aspiração de certos indivíduos visonários, como o empresário e bilionário sul-africano Elon Musk, criador da empresa aeroespacial SpaceX, e que já possui um "projeto" para transformar Marte numa espécie de "segunda Terra".

Esse processo de colonização espacial é conhecido como terraformação quando se refere à remodelação de seus ambientes para que sejam mais parecidos com os da Terra.
No entanto, para os planetas que não abrigam nenhuma vida – especialmente a complexa – a transformação exige muito mais do que a introdução de espécies para ajudar na sobrevivência dos humanos.

O espessamento da atmosfera de Marte seria essencial para manter a água líquida em sua superfície, o que representa um fator diretamente ligado à colonização futura

Gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), seriam vitais para isso, mas eles não estão presentes no Planeta Vermelho em quantidade suficientemente alta para gerar um efeito estufa significativo, explica o cientista Bruce Jakovsky, da Universidade do Colorado, principal autor do estudo, conforme artigo publicado na revista científica Nature Astronomy.

"Nossos resultados sugerem que não há CO2 suficiente em Marte para fornecer um aquecimento global significativo do efeito estufa, caso o gás seja colocado na atmosfera", comenta o especialista. Além disso, a maior parte dess gás não é acessível e não pode ser prontamente disponibilizado. "Como resultado, a terraformação do nosso vizinho não é possível usando a tecnologia atual", completa o cientista no artigo de divulgação do estudo.

Apesar da divulgação de que existe água no interior de Marte, ele possui menos de 1% da pressão atmosférica da Terra. Com isso, a pesquisa recente descobriu que mesmo usando todas as fontes de dióxido de carbono e de água existentes no Planeta Vermelho para engrossar sua atmosfera, só seria possível elevar a pressão para 7% do que temos em nosso planeta, o que é "muito aquém do necessário".

Embora possam existir reservas potencialmente maiores de CO2 nas profundezas da superfície marciana, elas não são facilmente acessíveis.

Os cientistas acreditam que qualquer esforço bem-sucedido para terraformar Marte só poderia ser concluído num futuro muito distante..