A participação da China na pauta das exportações continua crescendo e o país asiático mantém-se como principal destino dos produtos brasileiros, já tendo ultrapassado a parcela dos 28 países da União Europeia.
Segundo o estudo da FGV, como a pauta de exportações do Brasil tem se concentrado em poucas commodities, e a China vem ganhando participação como país destino dos produtos brasileiros, é forçosa a necessidade de "se discutir uma nova agenda da política de comércio exterior do país".
Os economistas da FGV ressaltaram o fato de que os resultados do Icomex relativo a junho mostram que o efeito da desvalorização cambial ainda não se fez sentir nos fluxos comerciais, em especial nas importações.
Conforme o estudo, o índice da taxa de câmbio real efetivo calculado pelo Ibre mostra uma desvalorização de 11% de janeiro a junho, o que levaria a um efeito negativo nas importações. Ressaltam, porém, que "o efeito câmbio não é imediato, e outros fatores influenciam nos fluxos de comércio. No caso das importações, por exemplo, o nível da atividade doméstica é o principal fator de influência nos fluxos de comércio e até maio ainda se esperava crescimento do PIB na ordem de 2,5 a 2,8%".
Fluxo de comércio
A variação mensal e semestral dos volumes exportados e importados por categoria de uso mostram que nas exportações todas as categorias registraram queda, a exceção de bens de capital. Nesse último grupo, estão incluídos produtos com tonelagem elevada como as plataformas de petróleo (em valor de mais de 6.000% na comparação semestral), aviões (aumento de 43% em junho), turbinas para aviões (3.300% em junho), entre outros.
Já no que diz respeito às importações, todos os volumes aumentaram tanto no comparativo mensal, como no semestral, com destaque para o crescimento de 31,3% dos bens de capital no primeiro semestre do ano. "Uma parte é explicada pela importação de plataforma de petróleo, em especial no mês de fevereiro, mas nos outros meses reflete investimentos em máquinas e equipamentos", informa o documentod a Fundação Getúlio Vargas.
Na avaliação dos economistas, esse resultado contrasta com as importações de bens intermediários, que recuam e se associam ao nível de atividade. A desvalorização cambial leva a substituição por insumos domésticos, mas parece não ter afetado, até o momento, segundo os economistas, os planos de longo prazo associados a investimentos de bens de capital.
Os economistas avaliam ainda que "as compras de bens duráveis podem também estar refletindo o efeito defasado do câmbio e o receio de uma possível desvalorização acentuada por turbulências na esfera política".
(com Agência Brasil).