A descoberta do material intacto, enterrado há cerca de 500 anos, é inédita na região.
O costume de decorar cerâmicas com pinturas coloridas faz parte da Tradição Polícroma da Amazônia, que se estende por um eixo horizontal desde a Cordilheira dos Andes até o rio Amazonas, no Brasil. Estima-se que os povos que utilizavam a técnica viveram na região entre 600 a.C. até o início de 1.500 d.C., quando os europeus começaram a explorar a floresta.
De acordo com cientistas do Instituto Mamirauá, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que organizou a expedição, outras seis urnas funerárias haviam sido encontradas no local em 2013, de modo separado. Elas são comuns na parte brasileira da floresta. "Mas os pesquisadores costumam recebê-las da mão de moradores do local, que de fato encontram os artefatos e os retiram da terra. Agora, escavar e encontrar uma cova com as urnas dessa cultura, do jeito que estavam, e realizar todo o registro científico, é algo inédito", explica o arqueólogo Eduardo Kazuo.
Os objetos encontrados mantêm um padrão da sociedade que vivia ali.
"O interessante é que nenhum desses rostos estava 'olhando' para outro. Se uma urna foi enterrada com o rosto para cima, a urna ao lado dela estava 'olhando' para baixo, e a seguinte estava enterrada de lado. É como se elas não quisessem olhar uma para a outra. As urnas seguiam uma ordem, claramente elas foram enterradas daquele jeito e foi intencional", conta Kazuo.
(com Agência Brasil e Instituto Mamirauá).