Revista Encontro

Internacional

Egito libera visitação a tumba de mais de quatro mil anos

A câmara mortuária fica na região de Saqqara

João Paulo Martins
Apesar de ter sido descoberta em 1940, apenas agora, no início de setembro, uma tumba datada de mais de quatro mil anos, situada na necrópole de Saqqara, no Egito, passou a receber a visitação do público.
"Estamos nos certificando de sempre apresentar novos conteúdos culturais para os turistas. É por isso que estamos abrindo túmulos para os visitantes e, nos últimos dois ou três anos, liberamos o acesso a um grande número de museus, como o de Sohag, que passou por uma obra que durou 30 anos", comenta Khaled El Anany, ministro das Antiguidades do Egito, em entrevista para a agência alemã de notícias Reuters.

A tumba, que fica a seis metros ao sul da pirâmide de Djoser, pertence ao vizir intitulado Mehu, da VI Dinastia, e era também um importante juiz, escriba dos documentos reais e tinha outros 45 títulos. Segundo o famoso egiptólogo Zahi Hawass, o "dono" da tumba exerceu esses três cargos durante o período do faraó Titi (2323 aC. e 2291 a.C.).

O local parece ter sido feito para a família de Mehu, já que existem registros que falam sobre o filho dele, Meren Ra, e até do neto Heteb Kha II. Este último viveu no tempo do faraó Pépi II Neferkare (2246 a.C. a 2152 a.C.). A suspeita de que se trata de uma tumba familiar foi confirmada por Sabri Farag, diretor-geral de arqueologia do sítio de Saqqara, conforme informação da Reuters.

Nas paredes da câmara funerária é possível vislumbrar os hieróglifos que retratam os 48 títulos de Mehu, os 23 de seu filho Mery Re Ankh, e os 10 de seu neto Hetep Kha II.
Também existem inscrições relacionadas à vida cotidiana do Antigo Egipto, como atividades de caça e pesca, exercidas inclusive pelo dono da tumba; relatos de boas colheitas; exemplos da culinária típica; e a prática de acrobacias, outro aspecto curioso da cultura dos antigos egípcios.

Para a Reuters, o ministro Khaled El Anany diz que quer mostrar para o mundo que o Egito é um país seguro para a visitação. A intenção é reaquecer o setor turístico, que foi duramente afetado pela revolta política de 2011, no contexto da chamada "Primavera Árabe", que culminou com a renúncia do ditador Hosni Mubarak, que governou o país de 1981 a 2011..