Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno afeta a aprendizagem e tem origem neurobiológica, sendo caracterizado pela dificuldade no reconhecimento preciso e ou fluente das palavras, na habilidade de decodificação e na soletração. Entre os sinais apresentados pela criança no período pré-escolar estão a dispersão; o fraco desenvolvimento da atenção; atraso do desenvolvimento da fala e da linguagem; dificuldade de aprender rimas e canções; fraco desenvolvimento da coordenação motora; dificuldade com quebra-cabeças; falta de interesse por livros impressos.
Já na idade escolar, a criança pode apresentar dificuldade na aquisição e automação da leitura e da escrita; pobre conhecimento de rima e aliteração; desatenção e dispersão; dificuldade em copiar de livros e da lousa (quadro-negro); dificuldade na coordenação motora fina e ou grossa; desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e perda de seus pertences; confusão para nomear entre esquerda e direita; dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.; vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.
Segundo a pesquisadora Milena Razuk, uma das autoras do estudo, os filtros verdes não são muito utilizados no Brasil devido à falta de pesquisas, mesmo que o material seja adotado na França. "No entanto, os estudos feitos sobre sua eficácia tinham deficiências metodológicas. Pela primeira vez foi usada uma metodologia bastante rigorosa", comenta a cientista em entrevista para a Agência Fapesp.
Para fazer a análise foram selecionadas 18 crianças com dislexia e outras 18 sem a condição, todas atendidas no hospital Robert Debret, em Paris, na França. Para o experimento, os pesquisadores escolheram os filtros amarelo e verde. As 36 crianças tiveram que ler trechos de livros infantis indicados para sua faixa etária, projetados em uma tela.
Um aparelho colocado na cabeça dos pequenos media os movimentos dos olhos, detectava onde o voluntário estava fixando o olhar e por quanto tempo. "A criança com dislexia precisa fixar mais tempo o olhar nas palavras para conseguir compreender o texto, por isso a velocidade de leitura é menor", afirma José Angelo Barela, professor do Instituto de Biociências da Unesp, coordenador do projeto, à Agência Fapesp.
O aparelho detectou que as crianças sem dislexia não apresentaram mudança na velocidade de leitura com os filtros e as com dislexia fixaram trechos de palavras ou de frases por 500 milésimos de segundo usando o filtro verde. Com o amarelo e sem filtro, o tempo era de 600 milésimos de segundo.
Causas da dislexia
De acordo com Milena Razuk, as causas da dislexia ainda não são conhecidas, mas ter o distúrbio não quer dizer que haja deficiência intelectual. "É como se houvesse algum ruído que atrapalha a comunicação do cérebro com o resto do corpo. Para o diagnóstico de dislexia, o Q.I. tem de ser normal ou acima da média", diz a pesquisadora.
(com Agência Fapesp e Agência Brasil).