Além de seguir na "contramão" da lógica do mercado brasileiro, a empresa ainda ofereceu carteira assinada, direitos assegurados e seis meses de licença-maternidade. Em 2017, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou um estudo que entrevistou 247 mil mulheres que tinham parido há dois anos. O resultado é assustador: metade delas estava fora do mercado de trabalho 12 meses após o nascimento do bebê. "Minha história é uma exceção, mas eu queria muito ver mais histórias como essa. Queria que minha experiência fosse algo rotineiro", comenta Marcela em entrevista para o jornal Correio Braziliense.
Vale dizer que a belo-horizontina não estava desempregada, trabalhava numa startup brasileira há três anos e sempre esteve atenta às novas ideias e tendências do mercado, inclusive já se interessava pela ThoughtWorks, que é referência por se aliar a movimentos pró-diversidade. No sétimo mês de gravidez, Marcela Caldeira foi chamada para participar de um processo seletivo e em nenhum momento a condição foi um impeditivo.
A designer concorda que a gravidez é entendida equivocadamente no mercado de trabalho na maioria das situações, e acredita que as mulheres no geral sofrem discriminação. De acordo com ela, há um paradoxo: se por um lado há uma pressão da sociedade para uma mulher ser mãe, por outro, há esse preconceito. "Quando se está grávida o medo de ser demitida é iminente. A gente se cobra para sermos igualmente valorizadas. Uma fase que deveria ser leve, vira um momento de provação", diz Marcela ao Correio..