O engenheiro mineiro Marcos Moretzsohn - Foto: Cláudio Cunha/Encontro/ArquivoQuase 40
países envolvidos,
cidades inteiras
destruídas, incontáveis
desaparecidos e mais de 70 milhões de seres humanos
mortos – dos quais seis milhões eram
judeus, que foram perseguidos e assasinados pelo
exército nazista de
Adolf Hitler. Esses são alguns dos fatos mais relevantes da
Segunda Guerra Mundial, que começou em
1939 e se arrastou por seis anos, levando a
Europa e boa parte do restante do
mundo a uma
transformação política,
geográfica e
social jamais vista.
Após inúmeras
batalhas e enormes
bombardeios, o
conflito terminou, em setembro de
1945, com a vitória dos
Aliados (
EUA,
Reino Unido e
União Soviética) sobre o
Eixo (
Alemanha,
Itália e
Japão). De lá pra cá, passaram-se quase 75 anos, mas a
memória do maior
evento da
história da humanidade permanece mais viva do que se pode imaginar.
Alguns dos principais itens da coleção da Segunda Guerra de Marcos Moretzsohn - Foto: Cláudio Cunha/Encontro/ArquivoMedalhas de condecoração,
capacetes,
fardas e
munições, além de outros
objetos utilizados por
militares e
civis que vivenciaram os horrores da
época se tornaram verdadeiras
relíquias. Algumas dessas
preciosidades, hoje distantes daqueles tempos sombrios dos
campos de batalha, repousam na tranquilidade da casa de um mineiro. O engenheiro civil belo-horizontino
Marcos Moretzsohn, de 60 anos, possui uma das
maiores coleções existentes no Brasil de itens relacionados à
Segunda Guerra.
Ele reservou um quarto em sua residência, na região centro-sul de
Belo Horizonte, para reunir os impressionantes objetos que guarda. Quem entra no espaço logo fica impressionado com o resultado da paixão de
Moretzsohn pelas recordações da
Guerra. Por todos os lados, há algo que desperta atenção. "O ruim é que aqui não dá pra ver tudo.
Estou pensando em um espaço maior, para que fique mais organizado", conta o engenheiro, dono de quase quatro mil itens originais.
Capacete médico que integra a coleção de Marcos Moretzsohn - Foto: Cláudio Cunha/Encontro/ArquivoSegundo
Marcos Moretzsohn, seu interesse pelo período histórico começou ainda nos tempos de colégio, no final dos anos 1960. "Eu precisei fazer um trabalho sobre a
Segunda Guerra e, durante a pesquisa, fiquei aficionado pelos fatos", lembra. O primeiro item de sua coleção foi obtido alguns anos mais tarde, quando ele comprou, em 1978, na Argentina, a réplica de uma
medalha da cruz de ferro alemã, que era a mais alta
condecoração do regime
nazista do
ditador Adolf Hitler. Hoje,
Moretzsohn guarda impressionantes 400
medalhas de condecoração originais, incluindo diversas
cruzes de ferro.
Além desses objetos, os
capacetes de combate também se detacam. São cerca de 80 deles em posse do engenheiro mineiro. Vários
enferrujados, pois permaneceram
enterrados por anos nos
campos de batalha na Europa. Muitos desses
capacetes guardados
Moretzsohn, além da
ferrugem, possuem
manchas de sangue e
marcas de tiro, dando uma dimensão do horror vivido pelos
combatentes.
Granada de mão e munição 35 mm da Segunda Guerra Mundial - Foto: Cláudio Cunha/Encontro/ArquivoEle também guarda
fardas originais, em perfeito estado de conservação, utilizadas pelos
nazistas. Algumas, inclusive, vestiram soldados da
Waffen-SS,
guarda pessoal de
Hitler. Também integra a coleção do engenheiro um exemplar, extremamente conservado, dos
pijamas que eram fornecidos aos
judeus nos
campos de concentração, como o de
Auschwitz, na
Polônia, onde, estima-se, mais de três milhões de
judeus foram
torturados e
assassinados .
Sobre
colecionar objetos de um período sombrio na
história da humanidade,
Marcos Moretzsohn diz que o hábito vai além de um simples hobby. "É a preservação das
recordações de um
fato histórico. Obviamente, ninguém considera
guerra como uma coisa positiva, mas é preciso recordar, para que isso nunca mais se repita", diz o
engenheiro, que é
descendente de judeus.
O
mineiro pretende, ainda, criar uma espécie de
museu, disponibilizando seus itens para a
visitação pública. A intenção, segundo
Moretzsohn, é que as pessoas tenham fácil acesso à
história da Segunda Guerra Mundial. "É preciso ter conhecimento do que foi o conflito, saber, inclusive, que o
Brasil particiou ativamente.
Afinal, muitos
cidadãos brasileiros estiveram do outro lado do continente, lutando pela
paz que vivemos nos dias atuais", conclui Marcos
Moretzsohn, relembrando a trajetória da
Força Expedicionária Brasileira (
FEB), que atuou na
guerra contra
Hitler.
*Publicado originalmente em 02/09/2015.