Segundo o especialista, a poluição atmosférica concentrada pelo tempo seco representa o aumento da quantidade de substâncias tóxicas em suspensão, como monóxido de carbono, dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio e também dos chamados particulados (incluindo chumbo), liberados pelos veículos a combustão. "Isso potencializa não só a ocorrência de doenças respiratórias, mas também os riscos para o coração", comenta o médico.
O cardiologista explica que, ao inalarmos os poluentes, sofremos uma elevação significativa da pressão arterial. Além de ser fator de risco para derrames e infartos do miocárdio, em pessoas com problemas cardiovasculares ou com tendência à cardiopatia, o tempo seco e poluído também leva ao aumento de coágulos (trombos) no sangue, aumentando a propensão a arritmias cardíacas, vasoconstricção aguda das artérias, reações inflamatórias em diferentes partes do corpo, além do desenvolvimento de aterosclerose (entupimento das artérias) crônica. "Hipertensos e idosos são sempre os mais afetados. Tanto que em períodos de maior concentração de poluentes no ar, como no Inverno, o atendimento a pacientes com hipertensão triplica", revela Abrão Cury.
O especialista acrescenta que os gases e partículas emitidos pelos automóveis também podem alterar o endotélio das artérias, ou seja, a camada que as reveste internamente, o que ameaça ainda mais o coração.
O médico orienta cardiopatas ou pessoas que têm propensão ou histórico familiar de doenças cardiovasculares a evitar o contato com o ar poluído, especialmente durante a tarde, quando a umidade relativa do ar cai drasticamente. É preciso ainda manter a hidratação adequada, ainda mais porque a sensação de frio pode induzir à menor ingestão de água.
*Publicado originalmente em 19/07/2018.