Igor começou o seu projeto em 2015, tocando na hemodiálise do Hospital Felício Rocho. A decisão de fazer o trabalho voluntário nasceu depois que ele perdeu o irmão, aos 29 anos, vítima de câncer. A partir daí, Igor começou a tocar também na oncologia do Hospital Felício Rocho, no hospital Socor, João Paulo II, no Vila da Serra, em maternidades de Belo Horizonte e até mesmo na região metropolitana. Nessa época, ele trabalhava como analista de sistemas e o violino era um trabalho voluntário, com poucas apresentações semanais. Formado pelo conservatório de São João Del Rei, foi no ano passado que o projeto "O Som do Alívio" ganhou força e passou a ser para Igor o seu trabalho oficial. "Quando percebi que estava pronto para a responsabilidade decidi colocar a ideia no papel e tentar um patrocínio." Não foi fácil. "Meu projeto não se enquadrava na lei de incentivo à cultura", lembra.
Foram vários meses de busca. No limite do seu orçamento, quando Igor já estava sem ar, sem recursos ou reservas, veio a boa notícia. "A ToLife se interessou pelo meu projeto e decidiu me patrocinar mesmo sem ter incentivo público", diz o músico. A ToLife é uma empresa mineira de tecnologia, especializada em processos de classificação de risco em prontos socorros. "Estamos presentes na porta de entrada do hospital onde agilizamos todo o processo de atendimento do paciente. A música do Igor chega em outros lugares do hospital onde não vamos, levando bem-estar, o que é muito importante para nós", diz Leonardo Lopes, presidente e fundador da ToLife.
E a música de Igor também ajudou nos dados de uma pesquisa interessante, conduzida pela psicóloga clínica Rafaela Santos. Durante sua residência em Terapia Intensiva na Santa Casa de Belo Horizonte, Rafaela observou por cerca de seis meses dois grupos de pacientes internados no CTI. O grupo que foi exposto à música por uma hora diariamente demonstrou diversos pontos positivos em relação ao grupo que não foi exposto. "Notamos que houve uma redução no estresse, angústia, ansiedade, agitação e também uma melhora do humor", diz a psicóloga. O estudo também foi acompanhado por questionários respondidos pelas famílias. Os resultados só fazem Igor acreditar que sua música está no lugar certo. "Quero levar alegria, esperança. A música tem esse poder." Mesmo em tempos de pandemia.
.