O festival, que segue até domingo (28) com entrada gratuita, traz uma programação robusta, com a exibição 101 filmes, entre curtas, médias e longas metragens, ao longo de 71 sessões dostrobuídas em mostras como “Território”, “Conexões”, “Vertentes”, “Praça”, “Homenagem”, “CineMund”i, “Diálogos Históricos”, “A Cidade em Movimento”, “Curtas Contemporâneos”, “WIP”, “Cine-Expressão – A Escola vai ao cinema”, ‘Mostrinha”, além da abertura e um cine-concerto.
. A programação, que reúne obras inéditas no Brasil e títulos premiados em festivais internacionais, dá destaque à produção latino-americana. A temática central desta edição, “Horizontes Latinos: Nós Somos o Nosso Futuro?”, convida à reflexão sobre a soberania cultural e política do cinema do continente, incentivando narrativas que rompem com o eurocentrismo e propõem novos olhares.
. Homenagem
Em sintonia com esse espírito, a CineBH presta homenagem ao ator mineiro Carlos Francisco, um dos nomes mais queridos e marcantes do audiovisual brasileiro nos últimos anos — e que também integra o elenco de “O Agente Secreto”.
. Nascido em Belo Horizonte em 1961, Carlos construiu uma carreira marcada pela combinação de intensidade dramática e delicadeza afetiva. Sua presença em cena, feita de gestos sutis e domínio corporal, resultou em interpretações memoráveis. Em “Bacurau” (2019), no papel de Damiano, encarou um invasor estrangeiro e cravou a pergunta que ecoou nas salas de cinema: “Você quer viver ou morrer?”. Já em “Marte Um” (2022), emocionou como Wellington, pai que apoia o sonho do filho de se tornar astronauta, respondendo com simplicidade: “A gente dá um jeito”.
. A trajetória começou nos palcos do teatro amador, nos anos 1980. Depois de se mudar para São Paulo em 1991, Carlos conciliou o trabalho como vendedor de caminhões com cursos de formação na Oficina Cultural Oswald de Andrade, onde também fundou o Grupo Folias. A estreia no cinema veio em 2005, em “O Casamento de Romeu e Julieta”, de Bruno Barreto.
. Desde então, tornou-se presença recorrente nas telas, especialmente em produções da mineira Filmes de Plástico, como “Nada” (2014), “Rapsódia para o Homem Negro” (2015) e “No Coração do Mundo” (2019). Também trabalhou em “Canção ao Longe” (2022) e “Suçuarana” (2024), de Clarissa Campolina, em “Estranho Caminho” (2023), no Ceará, e em títulos paulistas como “Enterre Seus Mortos” (2024) e “Jovens Infelizes ou Um Homem que Grita não é um Urso que Dança” (2016).
. Confira os destaques da programação
SESSÃO DE ABERTURA: “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho
O filme mais premiado na competição de Cannes em 2025, “O Agente Secreto” levou prêmios de melhor direção, ator (Wagner Moura) e crítica no evento francês. Sua primeira exibição em Minas Gerais será no Cine-Theatro Brasil, na noite de 23/3, às 20h.
. Recorte Latino-Americano: Mostra “Território” e Mostra “Conexões”
A partir do tema “Horizontes Latinos: Nós Somos o Nosso Futuro?”, a 19ª CineBH destaca 16 filmes nas mostras Território (competitiva) e Conexões, com produções de Brasil, Uruguai, México, Equador, Peru, Chile, Argentina, Porto Rico e Colômbia, várias delas em coproduções com países europeus e asiáticos. A seleção privilegia títulos inéditos ou com pouca circulação no Brasil e explorando perspectivas únicas do continente, com curadoria de Cléber Eduardo, Ester Fér, Leonardo Amaral e Mariana Queen Nwabasili. A Mostra Território chega ao terceiro ano competitivo com filmes desafiadores, nos limites da linguagem e de realizadores de até três longas-metragens no currículo. Já a Conexões, novidade desta edição, destaca a inventividade em formas amplas e serve de ampliação do panorama no continente a partir da visão dos curadores.
. “Território"
- “Bienvenidos Conquistadores Interplanetários y Del Espacio Sideral” (Colômbia, Portugal, 2024), de Andrés Jurado, 95 min
- “Chicharras” (México, 2024), de Luna Marán
- “Huaquero” (Equador, Peru, Romênia, 2024), de Juan Carlos Donoso Gómes
- “Movimento Perpétuo” (Brasil, 2024), de Leandro Alves
- “Punku” (Peru, Espanha, 2025), de J. D. Fernández Molero
- “Queimadura Chinesa” (Uruguai, Brasil, 2025), de Verónica Perrota
- “Uma casa com dois cachorros” (Argentina, 2025), de Matías Ferreyra
“Conexões”
- “Álbum de família” (Argentina, 2024), de Laura Casabé
- “Cais” (Brasil, 2025), de Safira Moreira
- “Crónicas del absurdo” (Cuba, 2024), de Miguel Coyula
- “Memória Implacable” (Chile, Argentina, 2024), de Paula Rodríguez
- “Notas sobre um desterro” (Brasil, 2025), de Gustavo Castro
- “Todo documento de civilización” (Argentina, 2024), de Tatiana Mazú González
- “Todo parecía posible” (Porto Rico, Estados Unidos, 2024), de Ramón Rivera Moret
- “Un cuento de pescadores” (México, 2024), de Edgar Nito
Mostra “Vertentes”
Criada no ano passado para abrigar filmes brasileiros de destaque em festivais do país, em 2025 a Vertentes se ampliou para um recorte mais geral de produções contemporâneas realizadas no país, sendo assim uma seção representativa da diversidade nacional. Sejam suas trajetórias em festivais, trajetória de seus realizadores ou expectativa gerada em torno das obras, a seleção reflete caminhos criativos em andamento, narrativas que exploram conflitos, transformações e descobertas multifacetadas. A curadoria é de Marcelo Miranda e Rubens Fabrício Anzolin e conta com pré-estreias, todas inéditas em Belo Horizonte.
. - “A Voz de Deus” (2025), de Miguel Antunes Ramos
- “Apenas Coisas Boas” (2025), de Daniel Nolasco
- “Aqui não Entra Luz” (2025), de Karoline Maia
- “Assalto à Brasileira” (2025), de José Eduardo Belmonte
- “Enquanto o Céu não me Espera” (2025), de Christiane Garcia
- “Enterre seus Mortos” (2024), de Marco Dutra
- “Meu Pai e Eu” (ES, 2024), de Thiago Moulin
- “Morte e Vida Madalena” (2025), de Guto Parente
- “Nosferatu” (2025), de Cristiano Burlan
- “Paraíso” (2025), de Ana Rieper
- “Um Minuto é uma Eternidade para Quem está Sofrendo” (2025), de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro
- “Verde Oliva” (2025), de Wellington Sari
Mostra “Homenagem”
O tributo da 19ª CineBH será ao ator mineiro Carlos Francisco, uma das presenças mais marcantes e carismáticas do cinema brasileiro contemporâneo. Celebrado por sua versatilidade, Carlos iniciou a carreira no teatro amador nos anos 1980, fundou o Grupo Folias em São Paulo e estreou no cinema em 2005 com “O Casamento de Romeu e Julieta”. Sua atuação é marcada por gestos sutis, domínio corporal e transmissão de solidez paterna aliada à vulnerabilidade. Tornou-se mundialmente conhecido por suas participações especialmente em “Bacurau” (2019), “Marte Um” (2021) e “Estranho Caminho” (2023). A celebração a Carlos Francisco acontece na noite de 23 de setembro, no Cine Theatro Brasil Vallourec, com a presença do ator e a exibição do filme de abertura “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, no qual Carlos atua ao lado de Wagner Moura. Outros filmes com sua presença na programação são “Enterre seus Mortos” e “Suçuarana”. Especialmente em sua homenagem estão em exibição:
Longas:
- “Marte Um” (Minas Gerais), de Gabriel Martins
- “Estranho Caminho” (Ceará), de Guto Parente
Curtas:
- “A Máquina Infernal”, de Francis Vogner dos Reis
- “Nada”, de Gabriel Martins
- “Um Homem que Voa: Nelson Prudêncio”, de Maurílio Martins e Adirley Queirós
Mostra “Diálogos Históricos”
Em 2025 a “Diálogos Históricos”, recorte da CineBH que expande os conceitos de outras mostras e da temática a partir de uma pequena seleção de títulos com debates, faz um destaque-homenagem ao dominicano Nelson Carlo De los Santos Arias. Jovem em idade e experiente em realizações, Nelson tem obras emblemáticas que o tornam um dos nomes mais singulares do continente. Nascido em 1985 em Santo Domingo, Nelson formou-se em Cinema pela CalArts e ganhou projeção com filmes que rompem convenções narrativas por sua visão decolonial e pluralidade cultural caribenha. Com curadoria de Marcelo Miranda e colaboração de Cléber Eduardo, a seleção exibe quase toda a obra de Nelson ao longo de três dias. Todas as sessões vão ter a presença do cineasta, que irá conversar com os espectadores.
. - “Canciones de Cuna” (2014)
- “Cocote” (2017)
- “Pareces una carreta de esas que no la para ni lo’ bueye” (2013)
- “Santa Teresa y Otras Historias” (2015)
Mostra “Cinemundi”
Celebrando os 16 anos do Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting, com curadoria de Pedro Butcher, o recorte exibe filmes cujos primeiros projetos passaram pelo programa de coprodução, realizado anualmente em Belo Horizonte. Tendo firmado parcerias no país e no exterior, todos eles vêm tendo ampla repercussão no cenário mundial em anos recentes.
. - “A Natureza das Coisas Invisíveis” (DF, 2025), de Rafaela Camelo, 90 min
- “A Vida Secreta dos Meus Três Homens” (PE, 2025), de Letícia Simões, 75 min
- “As Muitas Mortes de Antonio Parreras” (RJ, 2024), de Lucas Parente, 65 min
- “Nimuendajú” (MG, 2024), de Tania Anaya, 85 min
- “Suçuarana” (MG, 2024), de Clarissa Campolina e Sérgio Borges, 85 min
Mostra Praça
A Mostra Praça acontece a céu aberto na Praça da Liberdade, integrando o cinema à paisagem urbana de Belo Horizonte. Para este ano, o foco está na música como elemento de ligação entre os filmes, com ritmos a compor corpos, memórias e narrativas e a ampliar a experiência coletiva. Cada filme traduz a musicalidade como forma de resistência, invenção lúdica ou conexão cultural.
. - “Lagoa do Nado - A Festa de um Parque” (MG, Brasil, 2025), de Arthur B. Senra
- “Milton Bituca Nascimento” (Brasil, 2025), de Flávia Moraes
- “Ritas” (Brasil, 2025), de Oswaldo Santana e Karen Harley
Além disso, o cine-concerto “Tela Sonora” vai unir uma pequena série de curtas-metragens de animação brasileiros para toda a família à música eletrônica ao vivo do francês Jérôme Lopez.
. Mostra “A Cidade em Movimento”
Com produções independentes de Belo Horizonte e região metropolitana em diálogo direto com a vivência nas cidades, a curadoria de Bruna Piantino adotou o tema “Um lugar ao sol”, numa reflexão sobre ocupar o lugar de direito, reconhecer a pluralidade de subjetividades e abrir espaço para relações não convencionais entre corpos que se transformam ao sonhar novos cenários de vida. Serão 13 filmes, entre curtas e longas-metragens, em sessões temáticas com rodas de conversa sobre maternidade solo, corpo-território, existências trans, arte e desejo e entrelaços geracionais, com a presença de convidados.
. Curtas:
- “Babilônia”, de Duda Gambogi
- “Carlito(s)”, de Pedro Rena
- “Escuta pra cê vê”, de Arthur Medrado e Thamira Bastos
- “Não Quero ser Capeta, Não!”, de Duna Dias e Leonardo Augusto
- “Pandeminas”, de Ben-Hur Nogueira
- “PPL é Quem?”, de Ludmilla Cabral
- “Ressaca”, de Pedro Estrada; “Mandinga”, de Mariana Starling
- “Tudo o que Quiser”, de Mariana Machado
- “Um Ato de Corpo Inteiro”, de Marianna Fagundes
- “Vidas (ou)vidas – Yusuf”, de Luís Evo
Longas:
- “Lagoa do Nado - A Festa de um Parque”, de Arthur B. Senra
- “Sou Amor”, de André Amparo e Cris Azzi
Mostra de curtas-metragens
Os 18 curtas-metragens selecionados por Rubens Fabricio Anzolin foram agrupados em quatro sessões, com obras que exploram poéticas singulares de se relacionar com o mundo. São filmes sobre o território e o Brasil, desviando do realismo puro para mergulhar em texturas, experimentações e brechas narrativas. Diminuir os ritmos, subverter os campos, esticar durações e oferecer sensações amalgamadas e deformadas é aquilo que parece estar em jogo nestes filmes. Assistir a essas produções é se conectar com trabalhos de diversos estados, que utilizam a linguagem para refletir questões políticas contemporâneas, mantendo o compromisso de reinventar, com mais ou menos recursos, uma linguagem da brevidade.
. - "Aparição", de Camila Freitas
- "Bailinho", de Gabriel Vieira de Mello
- "Confluências", de Dácia Ibiapina
- "Desvios Diários: Domingo", de Bruno Risas
- "Dois Nilos", de Samuel Lobo e Rodrigo de Janeiro
- "Entre Aulas", de Marizele Garcia
- "Goiânia: Notas Pendulares sobre a Metrópole", de O. Juliano Gomez
- "Jamais visto", de Natália Reis
- "Kabuki", de Tiago Minamisawa
- "Lagoa Armênia", de Leonardo da Rosa
- "Mãe do Ouro", de Maick Hannder
- "Marmita", de Guilherme Peraro
- "Moscou", de Victória Correa Silva
- "Pequeno B", de Lucas Borges
- "Sebastiana", de Pedro de Alencar
- "Sutura", de Felipe Fuentes e Miller Martins
- "Terra Mãe Mãe Terra", de Júlia Mattar
- "Três", de Lila Foster
Mostrinha
Para toda a família, tem a Mostrinha de Cinema, com sessões no Cine Petrobras na Praça e no Cine Santa Tereza. As sessões serão acompanhadas pelos personagens da Turma do Pipoca e intervenções circenses.
. - "Menino Gepeto", de Cláudio Constantino e Rafael Guimarães
- "Sacis", de Bruno Bennec
- "Sobre Amizades e Bicicletas", de Julia Vidal
Programação Online
Diversos títulos da Mostra “A Cidade em Movimento” da 19ª CineBH estarão disponíveis na programação online que poderá ser acessada gratuitamente na plataforma do evento cinebh.com.br. Além disso, um recorte especial de filmes vai compor uma seleção na plataforma IC Play, numa parceria com o Itaú Cultural: https://www.itauculturalplay.com.br/, no período de 29 de setembro a 13 de outubro.