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BH abre edital "Territórios do Cuidado"; saiba quem pode se inscrever

Seleção vai apoiar dez iniciativas comunitárias com recursos e formação; inscrições gratuitas ficam abertas até sábado (27)

Da redação
Serão selecionados projetos entre cozinhas e hortas comunitárias, redes e espaços de acolhimento a idosos, pessoas com deficiência e crianças, rodas de memória, até ações culturais e de enfrentamento à violência de gênero - Foto: Igor Cerqueira/Divulgação
Estão abertas até o dia 27 de setembro as inscrições para o edital “Territórios do Cuidado”, que vai mapear e apoiar iniciativas comunitárias que já atuam com práticas de cuidado em Belo Horizonte. Serão selecionados 10 projetos, entre cozinhas e hortas comunitárias, redes e espaços de acolhimento a idosos, pessoas com deficiência e crianças, rodas de memória, até ações culturais e de enfrentamento à violência de gênero. O objetivo é oferecer apoio técnico e financeiro para fortalecer suas ações.
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A iniciativa integra o projeto homônimo, realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH), em parceria com o Instituto Abra Palavra. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.institutoabrapalavra.com. O resultado será divulgado em outubro.
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Belo Horizonte é a primeira capital do Brasil a reconhecer o cuidado como direito, após a aprovação da Política Municipal de Cuidados (Lei nº 11.751/2024). Para a diretora de Políticas de Cuidados da SMASDH, Simone Pegoreti, o projeto é parte desse movimento. “A Lei Municipal reconhece o cuidado como direito universal e bem público, essencial para a vida em sociedade, e estabelece que todas as pessoas têm direito a cuidar, serem cuidadas e ao autocuidado. Seja como um trabalho remunerado, quando cuidamos de uma pessoa idosa, e recebemos por isso, ou não remunerado, quando cuidamos, por exemplo, de uma criança pequena ou um familiar idoso no âmbito da casa. Existem várias ações de cuidado acontecendo em nossa cidade e nós queremos, com este projeto, conhecer as iniciativas de pessoas que já cuidam em seus territórios”, afirma.
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A vereadora Cida Falabella, que acompanha o tema, destaca que o edital representa um marco para a cidade. “A gente compartilha com muita alegria da proposta de mapear e visibilizar essas redes de cuidado, até então invisíveis. O cuidado é como se fosse uma grande lupa, a lupa feminista que faz a gente ver a cidade, o serviço, e tudo o que acontece através dessa lente de aumento. E o que a gente vê são mulheres que cuidam muito em seus territórios, do meio ambiente, da planta, da folha, da água, das crianças, e que, normalmente, estão sobrecarregadas e exaustas. É preciso que haja cada vez mais políticas públicas de maneira transversal, cuidados e cultura, cuidados e meio ambiente, cuidados e mobilidade urbana, liberando o tempo e os sonhos dessas mulheres. O cuidado também envolve as pessoas com deficiência, crianças, pessoas idosas, o meio ambiente, como se fosse um grande portal, para olhar para o cuidado como algo que não se pode mais abrir mão em nenhuma área.”
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Para Aline Cântia, idealizadora do Instituto Abra Palavra, o desafio é dar visibilidade a esse trabalho. “Não existe uma sociedade sem cuidado. Nosso desafio é romper com a invisibilidade e contribuir para construção de políticas de cuidado que sejam integradas, recíprocas, acessíveis e justas. Historicamente o trabalho do cuidado foi invisibilizado e relegado quase exclusivamente às mulheres, em especial mulheres negras e periféricas. Estamos falando aqui desde o preparo de alimentos e o cuidado com crianças, idosos e pessoas com deficiência, até práticas comunitárias e culturais.”
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Quem pode participar

Podem se inscrever iniciativas localizadas em Belo Horizonte, com menor acesso a políticas públicas e conduzidas prioritariamente por mulheres — sobretudo pretas, pardas, indígenas, periféricas, rurais e LGBTQIAPN+. Também podem participar grupos e instituições que atendam mulheres, pessoas negras, indígenas, pessoas com deficiência, crianças, adolescentes e cuidadoras remuneradas ou não.
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Cada iniciativa selecionada deverá indicar um Mobilizador Territorial, que receberá R$ 1.000 mensais por oito meses, totalizando R$ 8 mil. Além do aporte financeiro, os projetos receberão apoio técnico, encontros formativos e participação em um mapeamento territorial da rede de cuidados de Belo Horizonte.
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Entre as práticas que podem ser inscritas estão cozinhas e hortas comunitárias, redes de acolhimento a idosos, crianças e pessoas com deficiência, rodas de memória, ações culturais, práticas de agroecologia, enfrentamento à violência de gênero, pontos de cultura e iniciativas voltadas ao fortalecimento de vínculos comunitários.

Ao final do processo, será realizado um seminário reunindo sociedade civil, poder público e representantes das iniciativas, com o objetivo de discutir os resultados e propor a consolidação da Rede Municipal de Cuidados em Belo Horizonte.

Inscrições abertas para Edital Territórios do Cuidado
Até 27/09, sábado - www.institutoabrapalavra.com
Mais informações: @abrapalavra

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