Revista Encontro

Encontro Gastrô

Conheça os vencedores da categoria Sabores Regionais

Anúncio dos campeões da 23ª edição do Prêmio Gerdau de Gastronomia- Encontro Gastrô aconteceu no último dia 8 de setembro

Spaghetti com Mignonnette, massa com mignon salteado na manteiga - Foto: Paulo Márcio

No último dia 8 de setembro, o Centro de Convenções da CDL/BH recebeu a 23ª edição do Prêmio Gerdau de Gastronomia – Encontro Gastrô 2025. A premiação reuniu cerca de 600 convidados, entre chefs, empresários, autoridades e amantes da boa mesa, para celebrar um dos principais prêmios gastronômicos regionais do país.

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Com quase 240 mil votos do público, o prêmio destacou os nomes que fazem a diferença na cena gastronômica de Belo Horizonte. Abaixo você conhece os vencedores da categoria Sabores Regionais, que reúne Cantina/Trattoria; Japonês; Cozinha Mineira e Cozinha Portuguesa. 

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Anella Ristorante - Negócio de família

 

“Faz muitos anos que não mudo nada no cardápio. Procuro manter o que está bom e melhorar uma coisa ou outra”, diz Theodoro Peluso. Na foto maior, o SA ideia do restaurante nasceu em 1932, quando o casal italiano Theodoro Peluso e Anella desembarcou no Brasil em busca de um novo recomeço. Assim como tantos imigrantes, encontram na comida de sua terra um jeito de fincar sua cultura em um país tão distante. Fundaram uma fábrica de massas no bairro Santa Efigênia. Os filhos cresceram nesse ambiente e, foi um deles, Paulo, que resolveu assumir o negócio quando os pais saíram de cena. 

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Na década de 1970, Paulo levou a fábrica para o Santa Amélia. Além de fazer as massas, montou duas mesas na calçada para receber os clientes. Assim, nasceu o restaurante. Com a morte de Paulo, os filhos, Theodoro e Paolo, continuaram seu legado. Paolo foi uma das vítimas da Covid durante a pandemia e coube a Theodoro assumir a missão de escrever novos capítulos do Anella. “Tudo tem um pouco do meu pai e do meu irmão por aqui. Daqui a 50 anos ainda vai ter”, diz ele, que acumula as funções de chef e administrador.

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História é o que não falta por ali. Há 37 anos, por exemplo, é dona Geralda a responsável por fazer diariamente as massas frescas. Agora, para atender as 40 mesas mais o bufê que funciona no local (com eventos para até 300 pessoas), ela conta com duas ajudantes. Juntas, preparam ravioli, capeletti, espaguete, lasanha e fettuccine. O cardápio é sempre o mesmo, sem grandes alterações. “Faz muitos anos que não mudo nada. Procuro manter o que está bom e melhorar uma coisa ou outra”, explica Theodoro. “E ainda tem os clientes, que brigam se eu resolvo tirar um prato”, completa. Os clássicos italianos aparecem em forma de nhoque e lasanha a bolonhesa. O espaguete a Carbonara leva queijo pecorino, pimenta-do-reino, ovos e guanciale e é um dos mais pedidos.

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A história do Anella ainda vai render muitos enredos. Hoje, os filhos de Theodoro já colocam a mão na massa. “Eles trabalham aqui uma vez por semana”, diz, referindo-se a Theodoro, de 21 anos, e Pietro, de 16. O caçula está na cozinha, onde faz estágio desde os 14. “Ele gosta muito e leva jeito.” Um negócio de família a longuíssimo prazo. 

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Udon - É tempo de amadurecimento

 

O combinado Edomae, com 34 peças - Foto: Paulo MárcioO Udon está de cara nova. Depois de mais de 15 anos tendo Marcelo San à frente da cozinha, agora quem está no comando da casa é o chef Weberth Coelho, que aprendeu a arte da gastronomia japonesa com o chef Hidemi Nakao (um dos fundadores do Sushi Naka) e tem formação na Nagoya Sushi School. “A saída do Marcelo, depois de tanto tempo, marcou o fim de um ciclo importante na história do Udon. De lá para cá, o que mudou foi a abertura de novos olhares e interpretações. Essa transição nos permitiu amadurecer como equipe e como marca, fortalecendo nossa identidade e conexão com o público”, explica o sócio Agilberto Martins. 

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O Udon vive, no entanto, um momento de equilíbrio entre tradição e renovação. A essência continua a mesma. A ideia de uma cozinha oriental fusion faz parte da espinha dorsal do menu, que aposta em ingredientes exclusivos como enguia, ovas curtidas no yuzu, caviar e ostras frescas. Para manter o frescor dos pescados as entregas são feitas durante toda a semana. O salmão chega de segunda à sexta ao restaurante; já o bluefin, que é importado, desembarca em Belo Horizonte uma vez por semana. O atum nacional vem do Rio Grande do Norte, com peso médio entre 80 e 100 quilos. “Um dos pontos cruciais é não fazer estoque de pescado. Temos um controle rigoroso sobre a origem dos ingredientes”, assegura Agilberto. 

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Ao lado de clássicos da casa como o Ebidon (camarões empanados em farinha Panko, envolvidos por um filé de salmão levemente maçaricado e finalizado com pimenta vietnamita, molho teriyaki e cebolinha fresca) aparecem algumas novidades no cardápio. É o caso do Gukan de água-viva (água-viva envolta em nori, finalizada com limão-taiti) e o combinado Emdomae, com 34 peças. Na parte dos quentes, a clientela agora também conta com um lámen (macarrão udon, caldo tori chintan, tare, cashu, bok-choy, milho verde doce, naruto, ovo perfeito e la-yu). Para acompanhar, a carta de saquês conta com 18 rótulos, sendo o mais em conta o Azumi Kirin Dourado, por R$ 135. Já o japonês Hakushita Junmai Daiginjo sai por R$ 830. 

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Durante a semana, na unidade localizada no Hotel Mercure, em Lourdes, há opção de menu executivo, com entrada, prato principal e sobremesa por valor fixo  de R$ 89.

 

Av. do Contorno, 7.315, Hotel Mercure, Lourdes, (31) 2528-2249. Sáb.: 12h/1h; dom.: 18h/0h. Estrada para Nova Lima, 421, Belvedere, (31) 3324-0052. Sáb.: 18h/1h; dom.: 12h/23h30. @udonbh

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Xapuri - A clássica comida da nossa terra

 

Prato Doncovin Oncoto, com lombo de panela, couve, tutu de feijão, farofa de torresmo, molho de pimenta-verde e angu - Foto: Paulo MárcioAngu. Água e fubá mexidos à beira do fogão com paciência. Quando a massa amarela e começa a descolar da panela é sinal que chegou no ponto. Aqui, nas Minas Gerais, angu não leva sal – ingrediente raríssimo para quem nascia longe do mar no período colonial. O angu do Xapuri, no entanto, é diferente. É uma receita exclusiva que diz muito sobre a fundadora, dona Nelsa Trombino. Leva manteiga, sal e leite. Filha de italianos, ela preferia o angu temperado como a tradicional polenta. “Meu pai ficava bravo. Aí um dia, ela o desafiou a levar durante um mês as duas receitas para a mesa para ver qual os clientes mais gostavam. No segundo dia, ele desistiu”, lembra Flávio Trombino, que comanda o restaurante criado por seus pais. 

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Dona Nelsa, que morreu em 2023, era assim. Amante das tradições mais profundas, mas também dona de uma personalidade forte. Flávio herdou essas características. Não fica parado no tempo. Anda de um lado para o outro resgatando histórias e receitas. Na sua última expedição, percorreu 4,5 mil quilômetros. Foi da nascente do rio Jequitinhonha, no Serro, até sua foz, em Belmonte, na Bahia. “As viagens influenciam em tudo. Até mesmo em reafirmar conceitos. Elas me motivam e não me deixam desviar do nosso propósito”, diz o chef, que trouxe na mala duas novas cachaças para serem servidas no Xapuri: Dama da Noite, de Leme do Prado, e Saint Hilaire, de Sabinópolis.  

 

Assim como um dia Dona Nelsa foi disruptiva ao servir comida caseira na mesa de um restaurante, Flávio também é. Em 2023, foi o precursor em ter uma carta de vinhos exclusivamente mineira. “As pessoas encaram como ousadia, mas, para mim, é óbvio. Ainda hoje, sofremos com a síndrome de vira-lata”, diz. 

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Imenso, com capacidade para 400 pessoas, o Xapuri é reduto da comida clássica mineira desde 1987. Os pratos mais pedidos são o Frango preguento, que fica ainda mais gostoso quando combinado com o talharim, acompanhado de tutu e couve; e a Costelinha da sinhá, servida com arroz branco, tropeiro, mandioca frita e couve. Vale provar também o Doncovin Oncoto, com lombo de panela, couve, tutu de feijão, farofa de torresmo, molho de pimenta verde e angu. Para fechar em grande estilo, passe pelo bufê de sobremesa, que conta com mais de 30 doces. O de limão fica perfeito acompanhado de uma porção generosa de doce de leite. 

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R. Mandacaru, 260, Braúnas, Pampulha, (31) 3496-6198. Ter. a sáb.: 11h/22h; dom.: 11h/17h. @xapurirestaurante.

 

Caravela - Culinária portuguesa com toque contemporâneo

 

Presa de porco com musseline, prato do Caravela - Foto: Paulo MárcioA história do Caravela começa em 2014, quando o português Cristóvão Laruça abriu um restaurante em Casa Branca, no município de Brumadinho. Em 2017, passou a funcionar no Museu Histórico Abílio Barreto e, desde 2023, está instalado no Diamond Mall. A proposta da casa é dar um toque contemporâneo à culinária portuguesa. “Queria mostrar para os mineiros que a cozinha do meu país ia muito além da batata e bacalhau”, explica o chef. Uma cozinha moderna e vibrante, que evoluiu com a revolução cultural iniciada em Portugal depois da Revolução dos Cravos, movimento que restaurou a democracia no país europeu em abril de 1974.

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O cardápio do Caravela refina a culinária tradicional em releituras com toques de alta gastronomia. A clássica cataplana, cozido preparado na panela hermética típica que dá nome ao preparo, ganha uma versão com o peixe amazônico pirarucu cozido em leite de castanha-do-pará com banana-da-terra. O campeão de vendas, no entanto, é a versão da casa do tradicional bacalhau à lagareira (lombo de bacalhau ao forno com batatinhas ao murro, cebola caramelizada e vinagrete de salsa com farofa de azeitona). Polvo à lagareira, arroz de pato de forno e paleta de cordeiro assada à minhota são outras boas pedidas. Para a sobremesa, além dos tradicionais pastel de nata e toucinho do céu, o chef Laruça recomenda a torta de laranja do Algarve, doce e refrescante. A carta de vinhos do restaurante é extensa e lista apenas rótulos portugueses. Destaque para a variada seleção de vinhos fortificados, incluindo os vários tipos de Porto, o Moscatel de Setúbal e o da Madeira.

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No restaurante, até a louça de serviço vem do outro lado do Atlântico, toda ela da icônica marca lusitana Vista Alegre. “A intenção é que o Caravela seja um pequeno enclave português nas montanhas de Minas Gerais”, explica Cristóvão Laruça. Para completar o ambiente, no almoço a playlist é um mix de canções da “terrinha”, dos países africanos de língua portuguesa e do Brasil. No jantar, fados modernos e outros ritmos musicais do Portugal de hoje servem de pano de fundo para conversas tranquilas.

 

Avenida Olegário Maciel, 1.600, Diamond Mall, (31) 99585-5804. Diariamente: 12h/23h. @caravelabh

 

 

 

 

 

 

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