Intitulada “Do Invisível ao Visível”, a exposição, a ser inaugurada no dia 24/9, reúne desenhos originais do artista e as imagens recuperadas por meio de técnicas avançadas de fotografia científica, em um trabalho pioneiro no Brasil.
. A iniciativa é fruto da pesquisa realizada por Larissa Oliveira, conservadora e restauradora de bens culturais do Núcleo de Gestão de Acervos da Diretoria de Museus (DIMUS/Secult-MG). O estudo, apresentado recentemente em Granada, na Espanha, no evento internacional Archiving 2025 – Cultural Heritage Imaging, Preservation, and Access, foi desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), sob orientação do professor Alexandre Leão.
. Durante seis meses, Larissa aplicou metodologias que empregam diferentes radiações do espectro eletromagnético, como luz visível, fluorescência ultravioleta, infravermelho e imagem multiespectral, além de técnicas como RTI e luz rasante.
. "O resultado possibilitou que pudéssemos visualizar a obra por inteiro, pois elas se encontravam praticamente invisíveis. Também nos permitiu enxergar detalhes que antes não eram perceptíveis. Esse trabalho é fundamental para que pesquisadores e o público em geral tenham acesso às obras, compreendam as degradações sofridas ao longo do tempo e reconheçam os detalhes recuperados pelo processo", destaca a restauradora Larissa Oliveira.
. A coordenadora do Núcleo de Gestão de Acervos Museológicos da DIMUS/Secult-MG, Elvira Nóbrega, ressalta que a pesquisa nasceu do diálogo entre instituições culturais mineiras e a universidade.
. “A ideia deste trabalho surgiu a partir de uma palestra no Arquivo Público Mineiro, onde a professora Márcia Almada e o professor Alexandre Leão explicaram como haviam aplicado a tecnologia de imagem multiespectral para recuperar a legibilidade de documentos. Pensamos: por que não aplicar essa mesma tecnologia para recuperar os desenhos de Guignard, em outro âmbito, o do patrimônio artístico?”, disse.
. A coordenadora ainda ressalta que a parceria entre a Diretoria de Museus e a Escola de Belas Artes da UFMG foi fundamental para possibilitar o uso de novas tecnologias para o campo da restauração e aplicá-las na prática cotidiana dos museus.
. Para o professor Alexandre Leão, coordenador do iLab e do PrismaLab da UFMG, a pesquisa demonstra o potencial transformador da união entre ciência, arte e tecnologia.
“Com as técnicas de imagem científica, conseguimos recuperar visualmente informações apagadas sem alterar o objeto original. É uma inovação que conecta diferentes áreas do conhecimento e, no caso das obras de Guignard, revelou traços antes invisíveis. Foi um resultado extraordinário, que mostra a importância de avançarmos nesse campo de estudo”.
. Do Invisível ao Visível
A exposição integra a programação da 19ª Primavera dos Museus, promovida nacionalmente pelo Ibram, que neste ano traz o tema “Museus e mudanças climáticas”. No Museu Casa Guignard, além da mostra, a programação contará com a mesa-redonda “Práticas de conservação em museus: desafios e possibilidades”, com a participação de Larissa Oliveira, do professor Régis Martins (IFMG-OP) e da conservadora Thaís Oliveira.
O público também poderá participar de oficinas gratuitas, como “Lembrei de Você”, em parceria com o grupo de bordadeiras da FAOP, e “Observação da Paisagem”, abertas a toda a comunidade.