Neste ano, o festival presta homenagem à editora, educadora e escritora Antonieta Cunha, referência nacional da literatura infantil e fundadora da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de BH. Também participam nomes como a autora e ilustradora Aline Abreu, a artista iraniana Fereshteh Najafi, a escritora chilena Lina Meruane, e os poetas Adélia Prado, Gabriela Mistral, Lino Eustáquio e Ricardo Aleixo.
. Com o tema “Da minha língua eu vejo o mundo”, o FLI BH propõe uma reflexão sobre as múltiplas formas de expressão presentes no país — do português e seus sotaques às línguas indígenas, afro-brasileiras e de imigração. A programação mistura mesas, saraus, oficinas, performances, feira de livros e mostra de cinema, fazendo do festival um dos principais encontros literários do país.
. “Ao escolher esse tema, o FLI BH reforça a literatura e a palavra como lugares de encontro, troca e conversa, espaços onde cabem identidade, memória e imaginação. Afinal, é pela língua que damos nome às coisas, entendemos o mundo e encontramos formas de transformá-lo”, comenta Alencar Perdigão, integrante da equipe de coordenação artística do festival.
. Entre as mesas de destaque está “Uma vida dedicada aos livros, à literatura e aos leitores com Antonieta Cunha”, que reúne Beatriz Myrrha, Leo Cunha e Marilda Castanha, com mediação de Daniela Chaves. A conversa revisita a trajetória da homenageada, pioneira na valorização da literatura infantil em Belo Horizonte.
. Como o festival acontece no mês da criança, parte da programação se volta à primeira infância, com espetáculos, contações de histórias e oficinas para toda a família. A mesa “A cultura da infância: a ainda necessária construção dos direitos de ser criança no Brasil”, com Miguel G. Arroyo e Mônica Correia Baptista, propõe um debate sobre a infância como território de direitos e criação.
. Outras conversas exploram o universo da leitura e da ilustração, como “Escrever, ilustrar e oferecer livros para a primeira infância”, com Carol Fernandes e Cleide Fernandes, e “Como ler com bebês e crianças muito pequenas?”, com Juliana Daher e Mariana Parreira Lara do Amaral. Espetáculos como “Mil e uma estrelas” (Cia. Pé de Moleque) e “Lá no fundo da mata” (Cia. Canta Contos) completam a programação infantil, ao lado da Mostra Siricoté 15 anos, do grupo Serelepe.
. Uma das novidades é a parceria com a Mostra do Livro Latino-Americano (MOLLA), que estreia em Belo Horizonte homenageando o Chile, na figura da poeta Gabriela Mistral. A mostra traz uma feira literária e mesas de debate, como “Entre o Apartheid na Palestina e a ditadura no Chile: o ensaísmo literário de Lina Meruane”, que reúne a escritora chilena e as convidadas Maíra Nassif e Mariana Sanchez para discutir temas como exílio, identidade e linguagem.
. Outra parceria de peso é o VI Fórum de Bibliotecas Escolares – Biblioteca da Escola: lugar de ler e aprender, que discute o papel das bibliotecas como espaços de formação e pesquisa desde a educação básica. Um dos painéis, “Para que servem as bibliotecas?”, reúne Nilma Lacerda, Ricardo Azevedo e Graça Castro.
. As celebrações também passam por marcos importantes: o 90º aniversário de Adélia Prado, com um sarau conduzido pelo ator Odilon Esteves, e os 50 anos do Prêmio João-de-Barro, criado pela Prefeitura de Belo Horizonte e considerado a mais antiga premiação de literatura infantil e juvenil do país.
. A ilustradora convidada Aline Abreu, vencedora do João-de-Barro em 2016, assina a identidade visual desta edição e participa da mesa “Modos de escrever e ilustrar”, ao lado de Rubem Filho e Nelson Cruz.
. Entre as atrações, a exposição “Da minha língua eu vejo o mundo”, com curadoria de Carolina Fedatto e ilustrações de Maria Chiodi, propõe um mergulho na diversidade linguística brasileira. E as oficinas incluem desde a escrita digital — como “A jornada digital do escritor”, com Bianca Pontes — até a criação visual e corporal, com Maira Chiodi, Bruna Lubambo, Bárbara Flor e Ricardo Tokumoto.
“A história de um festival se constrói a muitas mãos e assim tem sido com o FLI BH desde o início. Há 10 anos de sua primeira edição, o festival dá continuidade ao propósito de ser gratuito, diverso e acessível a todas as pessoas, se afirmando como política pública e confirmando mais uma vez a tradição literária de Belo Horizonte e de Minas, na cena nacional”, destaca a secretária de Cultura Eliane Parreiras.