Assinada por Duvivier e pela diretora Luciana Paes, a montagem parte da provocação “quem tem medo de poesia?” e mistura humor, reflexão e lirismo em um monólogo que transforma a linguagem em espetáculo. “A poesia é uma fonte de humor involuntário, motivo de chacota”, diz Gregorio, que cursou Letras na PUC-Rio e publicou três livros sobre o tema. “Escrevi uma peça que pode ajudar alguém a enxergar melhor o que os poetas querem dizer e, para isso, a gente precisa trocar os óculos de leitura”, afirma.
. No palco limpo, sem cenário, Gregorio divide o espaço apenas com o instrumentista Pedro Aune, responsável pela ambientação sonora ao contrabaixo, e com as projeções criadas por Theodora Duvivier, sua irmã. A direção de Luciana Paes — atriz e parceira de Duvivier em Portátil e no Porta dos Fundos — aposta na simplicidade cênica para ressaltar o texto e o carisma do intérprete. “O stand-up comedy aqui é uma pegadinha pra falar de literatura”, pontua a diretora. "A peça fica na esquina do poema com a piada”, define o ator.
. "O Gregorio comediante está no palco ao lado do Gregorio intelectual com seu fluxo de pensamento ininterrupto e por isso a plateia embarca na proposta", explica a diretora. "Graças aos seus recursos de ator, Gregorio pega o público distraído. Ninguém resiste quando é surpreendido por alguém apaixonado", completa.
. “O Céu da Língua" é um convite à redescoberta das palavras. Duvivier brinca com expressões populares, questiona reformas ortográficas, resgata vocábulos esquecidos e ri das modas corporativas que invadiram o vocabulário cotidiano. Também faz pontes entre a poesia e a música brasileira, evocando Orestes Barbosa, Caetano Veloso, Fernando Pessoa e Oswald de Andrade.
“O céu da língua”, com Gregorio Duvivier. Sesc Palladium – Rua Rio de Janeiro, 1046, Centro. De 17 a 19/10: sexta, às 20h; sábado, às 17h (sessão extra) e 20h; domingo, às 19h. Classificação: 12 anos. Duração: 85 min. Ingressos a partir de R$ 40 no Sympla.