Em Minas Gerais, foram 110 acidentes no semestre, com 17 mortes, todas por choque elétrico. O estado também aparece em segundo lugar no ranking nacional de incêndios relacionados à eletricidade, mas nenhuma das ocorrências resultou em vítimas fatais.
. Para o gerente de Saúde e Segurança Corporativa da Cemig, José Firmo do Carmo Júnior, os dados reforçam a importância da continuidade das ações de conscientização. “A redução das mortes por choque elétrico mostra que quando a população recebe orientação e adota pequenas mudanças de hábito, vidas são preservadas. O desafio agora é ampliar essa cultura de cuidado dentro das residências, onde os riscos nem sempre são visíveis”, afirma.
. Os números mostram que dois ambientes seguem concentrando grande parte das ocorrências no país: redes aéreas e residências. No caso das redes aéreas, foram 194 acidentes e 123 mortes — o menor índice dos últimos quatro anos. Dentro das casas, também houve queda expressiva: 107 acidentes e 76 mortes no primeiro semestre de 2025, ante 163 ocorrências e 143 óbitos no ano passado.
. Mesmo assim, os incêndios provocados por falhas na rede elétrica interna das residências continuam crescendo. Em 2025, das 632 ocorrências, 302 foram dentro de casas, onde também ocorreram 20 das 21 mortes registradas. Em 2024, foram 213 incêndios em residências e 13 dos 15 óbitos totais.
. A Abracopel aponta que o cenário se repete há anos: instalações internas envelhecidas, sem manutenção, somadas ao aumento no uso de equipamentos de maior potência, criam uma pressão maior sobre redes domésticas antigas. Itens como fritadeiras elétricas, micro-ondas, ar-condicionado e chuveiros mais potentes exigem instalações adequadas — o que nem sempre acontece. No improviso, benjamins, “Ts” e tomadas sobrecarregadas acabam se tornando gatilhos para acidentes.
. Firmo reforça que a atenção diária continua sendo o fator decisivo para evitar incidentes. “A energia elétrica faz parte do nosso cotidiano e, muitas vezes, os riscos são subestimados. Uma instalação sem revisão, uma tomada sobrecarregada ou o uso de equipamentos elétricos com o corpo molhado e sem um calçado adequado podem resultar em acidentes graves. Mesmo quando não levam à morte, esses acidentes podem deixar sequelas, algumas delas até mesmo irreversíveis. Segurança no uso da energia elétrica não é um ato pontual. É um hábito”, afirma.
. Entre as recomendações básicas está o uso do Dispositivo Diferencial Residual (DR), equipamento que desliga automaticamente a energia ao identificar falhas na rede. Embora seja obrigatório em áreas como banheiros, cozinhas, garagens e áreas de serviço desde 1997, ainda não é comum em muitas residências por desconhecimento ou falta de orientação.
. A Cemig também recomenda que serviços elétricos sejam realizados por profissionais qualificados e que instalações internas sejam avaliadas periodicamente, especialmente em imóveis antigos ou que tiveram aumento no consumo nos últimos anos. Em reformas e obras, a distância mínima de 1,50 metro de cabos da rede elétrica deve ser respeitada. A simples aproximação de objetos metálicos pode causar acidentes graves.
Nesses casos, Firmo ressalta a necessidade de planejamento prévio. “A eletricidade mata sem aviso e sem que seja preciso contato direto com a rede. Por isso, avalie todos os riscos, planeje antes de executar e tenha muita atenção, pois, são elas suas primeiras ferramentas de segurança”, alerta.