Abrindo as comemorações pelos 30 anos do Festival de Arte Negra de Belo Horizonte (FAN BH), o projeto “Rotas” inaugura nesta segunda-feira (17) uma ocupação reflexiva da Funarte MG. Entre segunda (17) e sexta-feira (21), o espaço recebe artistas, mestres, coletivos e pensadores em um circuito de atividades que propõe novas leituras sobre ancestralidade, arte e resistência. Todas as atividades do FAN são gratuitas, e os ingressos estão disponíveis online.
. A cerimônia de abertura, às 19h, no Teatro Francisco Nunes, contará com a condução de lideranças religiosas de diferentes matrizes e, na sequência, com um encontro com a escritora, pesquisadora e dramaturga Leda Maria Martins. Referência em estudos sobre oralitura e performance, Leda traz reflexões sobre o conceito de “tempo espiralar”, que inspira a edição de três décadas do festival. A noite termina com o encontro musical da banda mineira Congadar com a cantora Teresa Cristina, num diálogo entre tambores, vozes e teatralidade que reafirmam a potência das tradições negras no palco contemporâneo.
. A partir de terça-feira (18), a programação na Funarte segue com lançamentos de livros, sessões de cinema sob curadoria da Semana de Cinema Negro, Slam Clube da Luta, apresentações cênicas, contação de histórias e performance do Bloco Magia Negra, além das Gingas — rodas de conversa que abordam temas como memória, patrimônio, protagonismo, sustentabilidade e infâncias.
. Ao celebrar sua 13ª edição, o FAN se consolida como política cultural da capital mineira. “É importante afirmar que não se estabelece uma política pública do dia para a noite. É preciso muito trabalho, dedicação, empenho e compromisso para que essa política faça parte da vida da cidade. Com o Festival de Arte Negra foi assim. Um caminho trilhado, capaz de estabelecer raízes fortes com a história de BH. O FAN é hoje da cidade e é assim que deve ser, uma construção conjunta e perene”, afirma a secretária municipal de Cultura, Eliane Parreiras.
. Essa edição especial propõe uma revisão crítica dos próprios processos do festival, apostando em uma metodologia baseada na escuta ativa e na coautoria. Para a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Bárbara Bof, o FAN é “um festival onde a população de Belo Horizonte se vê e se sente representada. É também o grande encontro das presenças artísticas e culturais que movimentam a cidade ao longo de todo o ano. O festival celebra a força da cultura e da arte negra, iluminando Belo Horizonte. É um momento em que o encontro se coloca como ferramenta fundamental de transformação e de preservação da história. Pensar em um festival que tenha como conceito o espiralar nos faz buscar o novo com os pés fincados na ancestralidade, em respeito à história de cada um e, ao mesmo tempo, de todos”.
. A proposta espiralar aponta para um festival que se constrói em movimento, em diálogo com as comunidades e territórios que o compõem. “Ao ativar rotas de resistência e memória, o festival desloca o eixo hegemônico da produção cultural e propõe novas territorialidades simbólicas que afirmam o protagonismo negro como princípio civilizatório e transformador”, afirma Fredda Amorim, artista, pesquisadora e diretora de produção do FAN.
. Programação
A programação traça uma cartografia afrocentrada por espaços como o Largo do Rosário, o Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango, o Muquifu, o Terreiro Casa Pai Jacob do Oriente e o Morro em Cena, que se tornam eixos simbólicos do festival.
. Ao longo de cinco atos, a 13ª edição do FAN será construída de forma colaborativa. Em outubro, a Reunião Pública inaugurou o processo sob o modelo do Cangerê — encontro coletivo. Em novembro, o “FAN Criando Rotas” agora ocupa a Funarte como espaço de elaboração e formação. Em janeiro de 2026, um Chamamento Artístico abrirá espaço para múltiplas vozes negras participarem ativamente da curadoria e programação. O ato “FAN Raízes”, previsto para março, promoverá encontros dentro de territórios quilombolas, terreiros e espaços culturais afro-brasileiros. Por fim, o “FAN Espiralar”, em maio, celebra a culminância com shows, exposições, mercado de afroempreendedorismo e ações educativas voltadas para infâncias e juventudes.
. Para Gabriela Santoro, presidente do Instituto Periférico, a edição do FAN BH propõe um processo contínuo de encontros, formações e criações. “O formato ampliado fortalece as conexões entre artistas, comunidades e o movimento negro da cidade, promovendo espaços de escuta, diálogo e expressão. O festival reafirma seu compromisso com a valorização e a visibilidade dos artistas negros, criando oportunidades concretas de intercâmbio e protagonismo nos diversos territórios culturais de Belo Horizonte".
. 13ª edição do Festival de Arte Negra de Belo Horizonte – FAN BH
Data: segunda (17) à sexta-feira (21)
Gratuito
Abertura: segunda (17)
Local: Teatro Francisco Nunes (Avenida Afonso Pena, 1.321 - Centro)
18h30: acolhimento e abertura de trabalhos
19h - Ritual de abertura: o Abre Caminhos marca o início simbólico do FAN, reunindo mestras e mestres de tradição em um gesto de bênção, proteção e celebração às ancestralidades que sustentam o festival. Conduzido por representantes de diferentes expressões religiosas e culturais. Estarão presentes Pai Ricardo, Rainha Belinha, Padre Mauro, Mam’etu Muiandê e Sidney D’Oxóssi. A cerimônia reafirma o compromisso do FAN com a diversidade do sagrado que abre os caminhos para o encontro, a arte e a continuidade das tradições negras.
. 20h - “Tempo espiralar” - Encontro com Leda Maria Martins: neste encontro, a escritora, pesquisadora e dramaturga Leda Maria Martins compartilha reflexões sobre arte, oralitura, performance e tempo espiralar, conceito que inspira esta edição de 30 anos. A atividade propõe uma escuta atenta sobre os modos de transmissão de saberes e o legado das epistemologias afro-brasileiras.
. 21h15 - Congadar convida Tereza Cristina: a banda mineira Congadar e a cantora Teresa Cristina se encontram em uma intervenção cênica que une música, ancestralidade e celebração. A proposta articula tambores, vozes e teatralidade para afirmar a potência das tradições negras e sua presença nos palcos contemporâneos.
. Programação de 18 a 21 de novembro
Local: Funarte BH (Rua Januária, 68 - Centro)
Terça-feira (18)
18h: acolhimento e abertura de trabalhos
18h30: Ginga: Memória, Patrimônio e Encantarias, com Tata Kasulembê / Terreiro Lodê Apara, Débora Raissa / Historiadora, Makota Kidoiale / Quilombo Manzo Ngunzo Kaiango
20h: Mostra de Cinema Negro - curadoria de Layla Caroline Braz
20h - Gira Literária: roda de conversa e lançamento de livrosautoras e autores negros, com Coletivo Negras Autoras - “Poesia armada”; Pai Ricardo - “Da Macega á Makaia”; Júnia Bertolino - “Herdeiros de Zumbi”; Maíra Baldaia - “ A mulher e as águas do tempo”; Mediação: Renato Negrão - “escrevame”.
. 21h: Slam Clube da Luta
Quarta-feira (19)
18h: Acolhimento e abertura de trabalhos
18h30: Ginga: Economia, Sustentabilidade e Trabalho na Cultura Negra, com Kelma Zenaide, Hérlen Romão / Morro En.cena, e Nell Araújo
20h: Mostra de Cinema Negro, com curadoria de Layla Caroline Braz
20h30: Espetáculo Abre Caminhos, com o Grupo Identidade (retirada de ingressos uma hora antes do espetáculo. Classificação 12 anos).
. Quinta-feira (20)
10h: Fanzinho - Griot: Histórias e Cantorias, com o grupo Teatro Negro e Atitude, uma vivência voltada à contação de histórias
11h: Ter-Ato - Oficina de Sensibilização Artística e Teatral, conduzida pelo grupo Teatro Negro e Atitude
14h: acolhimento e abertura de trabalhos
14h30: Ginga: Arte, Linguagens, Representatividade e Protagonismo, com Evandro Nunes, Denilson Tourinho e Nívea Sabino
14h30: Ginga: Juventudes e Infâncias, com Marcus Carvalho, Fabiana Brasil e Negona Dance.
17h: Espetáculo Xirê, com grupo MorroEnCena
17h: Uai Sound System
Sexta-feira (21)
14h30: acolhimento e abertura de trabalhos
15h: Ginga: FAN – 30 Anos e Rotas, com Marcos Cardoso, Rui Moreira e Rosália Diogo
17h: Bloco Magia Negra
Terça (18) a sexta-feira (21) - Ações contínuas
Instalação FAN 30 anos, com curadoria de Rosália Diogo
Biblioteca de autorias negras (Parceria FLI BH)