Na última sexta, dia 19 de outubro, o Museu Nacional anunciou que foram encontrados em meio aos escombros do edifício que pegou fogo no dia 2 de setembro alguns fragmentos do crânio de Luzia. Trata-se do fóssil humano mais antigo já escavado no continente americano, considerado uma das principais relíquias que a instituição guardava.
O crânio ficava armazenado em uma caixa de metal, dentro de um armário. Essa caixa também foi encontrada parcialmente destruída. Cerca de 80% dos fragmentos encontrados já foram identificados. A expectativa é de que o crânio seja quase totalmente reconstituído, mas a extensão dos danos e das perdas ainda precisará ser avaliada. Também foram encontradas outras partes de Luzia que o Museu Nacional guardava, incluindo um fêmur.
De acordo com a arqueóloga Cláudia Carvalho, chefe da equipe de resgate do acervo, o esqueleto era frágil, razão pela qual ele não ficava em exposição permanente. "Parte do crânio que estava reconstituído perdeu a cola, então tivemos a liberação de fragmentos que estavam unidos. E alguma parte também foi afetada pelo fogo", diz a cientista à Agência Brasil.
Cláudia explica que a reconstituição do crânio será um trabalho de quebra-cabeça, mas lembra que há etapas preliminares a serem cumpridas. "Num primeiro momento, precisamos acabar a higienização do material. E daí é importante estabilizar para garantir que nenhum processo de decomposição ou de deterioração esteja em curso", afirma a arqueóloga.
Segundo o o paleontólogo Alexander Kellner, diretor de Museu Nacional, a reconstrução do crânio não será um processo rápido e será preciso primeiro ter um novo laboratório. Para tanto, ele estima que serão necessários pelo menos entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões. O diretor afirma que há algumas negociações em curso e já existe uma perspectiva de local para o novo laboratório, mas não deu detalhes.
Salvamento
Kellner ressalta à Agência Brasil também que as atividades de salvamento do acervo ainda não tiveram início. Nesse momento, estão em curso a implementação das medidas necessárias para dar segurança ao edifício, o que permitirá que os técnicos possam entrar e trabalhar. Para este fim, foram liberados R$ 8,9 milhões pelo Ministério da Educação (MEC). Estas medidas deverão ser concluídas em pouco mais de 150 dias e envolvem, por exemplo, o escoramento de paredes e a retirada de parte do material que esteja criando obstáculos.
"Nós não iniciamos ainda as atividades de salvamento do material que está nos escombros. Mas a medida que vamos avançando nesse trabalho de escoramento, nós acabamos fazendo alguns achados. A expectativa é de encontrar muitos outros tesouros importantes", explica o diretor do museu.
"Precisamos devolver o Museu Nacional para a sociedade. Estamos falando de um prédio ligado à história do país. E há uma pressão externa muito grande sobre nós.
(com Agência Brasil).