Revista Encontro

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Zoológico de BH abriga pela primeira vez o sauim-de-coleira

Espécie da Amazônia, considerada criticamente ameaçada, está em quarentena e será integrada aos programas de conservação do Zoo

Da redação (com informações da PBH)
O sauim-de-coleira é nativo da Amazônia - Foto: Suziane Brugnara
O Zoológico de Belo Horizonte ganhou uma nova e ilustre moradora: uma fêmea de sauim-de-coleira (Saguinus bicolor), primata criticamente ameaçado de extinção. O animal veio do Centro de Primatologia do Rio de Janeiro (CPRJ) e está em quarentena, em espaço reservado, ainda sem acesso à visitação pública. É a primeira vez que o Zoo abriga essa espécie, e a instituição já está em processo de aquisição de um macho.
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A quarentena é considerada fundamental para garantir que o animal esteja saudável e para facilitar sua adaptação ao novo ambiente. Durante esse período, a fêmea é acompanhada diariamente pela equipe de veterinários e biólogos do Zoo, que realizam exames, avaliações clínicas, ajustes na dieta e monitoramento de comportamento.
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A transferência seguiu as diretrizes do Plano de Ação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade/Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas (ICMBio/CPB), em parceria com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (Azab) e a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica (FPMZB), responsável pela administração do Zoológico de BH.
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“A expertise do corpo técnico do Zoológico, formado por biólogos, médicos veterinários, zootecnista e cuidadores de animais, com amplo conhecimento no manejo de animais silvestres, nos dá a oportunidade de integrar o exemplar e contribuir para a conservação do sauim-de-coleira. Receber essa espécie, que se encontra com tamanho grau de ameaça, mostra mais uma vez à população a importância dos zoológicos como centros de conservação, em especial o de BH, reconhecido nacionalmente por desempenhar tão bem esse papel”, destaca a bióloga e diretora da Zoobotânica, Sandra Cunha.
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Nativo da Amazônia, o sauim-de-coleira tem uma distribuição geográfica bastante restrita, de cerca de 7,5 mil km², limitada aos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara, no Amazonas — uma das menores áreas de ocorrência conhecidas entre os primatas brasileiros. A espécie sofre com ameaças como expansão urbana, desmatamento, queimadas, fragmentação do habitat, poluição, predação por cães, captura ilegal para criação como animal de estimação, além de atropelamentos e choques elétricos em redes urbanas.

“Por se tratar de uma espécie criticamente ameaçada, consideramos essa ação de grande relevância, pois está alinhada aos propósitos da instituição de colaborar com a conservação de espécies em risco. O animal vem apresentando boa adaptação e segue sendo monitorado até sua total integração”, ressalta Valéria Pereira, bióloga responsável pelo Setor de Mamíferos do Zoo.

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