Revista Encontro

Astronomia

Tentar destruir asteroides perigosos pode não funcionar

Estudo mostra que objeto espacial se fragmenta, mas ainda mantém uma estrutura

João Paulo Martins
- Foto: Pixabay

Lembra do filme Armageddon (1998), estrelado por Bruce Willis (Duro de Matar) e Ben Affleck (Argo)? Nele, uma missão suicida da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) é enviada a um cometa de 650 km² que está em rota de colisão com a Terra. Na ficção, o objeto é destruído por bombas nucleares e o planeta fica a salvo. Porém, segundo um estudo publicado na edição de março da revista científica Icarus, os asteroides existentes em nosso Sistema Solar e que podem representar uma ameaça ao planeta Terra são mais resistentes, duros e difíceis de serem destruídos do que se pensava até então.

A pesquisa, realizada pela Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, usou um moderno método computacional para simular as colisões de asteroides e entender as fraturas das rochas espaciais.

"Nós costumávamos acreditar que quanto maior o objeto, mais fácil seria quebrá-lo, porque os objetos maiores seriam mais propensos a falhas. Nossos resultados, no entanto, mostram que os asteroides são mais fortes do que costumávamos pensar e exigem mais energia para serem completamente destruídos", comenta o pesquisador Charles El Mir, do departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Johns Hopkins, principal autor do estudo, em conversa com o site Phys.org, especializado em notícias científicas.

Junto com os colegas K.T. Ramesh e Derek Richardson, El Mir usou um modelo computacional chamado Tonge-Ramesh, que representa de forma mais detalhada e em menor escala os processos que são registrados numa colisão de asteroides. A simulação foi dividida em duas fases, sendo a primeira etapa de fragmentação a curto prazo e a segunda de reacumulação gravitacional num período mais longo.

"Nossa pergunta era quanta energia seria necessária para destruir um asteroide e parti-lo em pedaços", afirma Charles El Mir ao site especializado.

Os resultados obtidos por meio do novo modelo mostram que um objeto espacial não pode ser quebrado completamente numa colisão forçada, contradizendo o que se sabia anteriormente. Neste caso, o asteroide que sofreu o impacto termina com um grande núcleo danificado, que acaba exercendo uma forte atração gravitacional sobre os fragmentos restantes – isto foi comprovado na segunda fase da simulação.

Portanto, a equipe descobriu que o resultado do impacto não gera apenas uma pilha de entulhos ou fragmentos frágeis unidos pela gravidade. Em vez disso, o asteroide impactado acaba retendo uma força significativa porque não se rachou completamente, indicando que mais energia é necessária para destruir um grande corpo celeste.

"Pode parecer ficção científica, mas muitas pesquisas levam em consideração as possíveis colisões de asteroides.
Se um asteroide se aproximar da Terra, seria melhor parti-lo em pequenos pedaços ou empurrá-lo para que mude de direção? E se escolhermos a segunda opção, com quanta força devemos bater para afastá-lo sem que se parta?", questiona o cientista americano ao Phys.org.

Confira, abaixo, a simulação da tentativa fracassada de destruição do asteroide:


(com Agência Sputnik).