O nome de Mechetti é um dos mais citados em apresentações no exterior como maestro convidado atualmente. Sua relação com o cenário da música erudita internacional é antiga. Desde 1981, Mechetti se dedica a reger sinfônicas nos Estados Unidos, em especial a Orquestra Sinfônica de Jacksonville.
Em 2008, o maestro aceitou dividir seu tempo entre a orquestra americana e a mineira. Para Minas Gerais, o paulistano trouxe toda a sua bagagem internacional e a capacidade de gestão que lhe é peculiar, ingredientes fundamentais que transformaram a cena da música erudita no Estado.
De contrato renovado até 2017, o regente quer elevar a orquestra filarmônica a um novo patamar de excelência. Em entrevista à Agência Minas, Mechetti fala sobre a receptividade do público, os planos para 2013 e o apoio do governo do estado.
Quais são os motivos que levaram a este reconhecimento da orquestra filarmônica no cenário da música clássica?
Não é milagre. É a somatória de várias coisas que deram certo.
Há diferenças entre reger uma orquestra no Brasil e nos Estados Unidos?
Do ponto de vista técnico, nenhuma. Do ponto de vista de modelo de gestão e de prioridade de foco, total. Nos EUA, as instituições culturais são absolutamente privadas, com as vantagens e desvantagens associadas ao sistema. No Brasil, especialmente no modelo adotado pela Filarmônica, há uma nova proposta que acredito aproveitar aquilo que é bom, e rejeitar aquilo que não é, tanto do modelo americano quanto do modelo estatal associado às orquestras europeias e latino-americanas em geral. Acredito muito no modelo adotado aqui e acho que temos tudo para vendê-lo ao resto do mundo, inclusive aos EUA, como uma solução para a crise constante que orquestras e outras instituições culturais passam.
Como tem sido a aceitação da orquestra pelo público?
Em BH fomos "adotados" imediatamente por um público entusiasmado, comprometido com a nossa causa e vibrante a cada espetáculo. Temos hoje mais do que o triplo de assinantes que tínhamos há quatro anos e, certamente, mais virão com a construção da Sala de Concertos Minas Gerais. No Brasil sempre fomos recebidos com grande entusiasmo. Primeiramente, pela surpresa que causamos quando começamos. Agora, pela crescente demonstração de sucesso alcançado.
Como é apresentar-se no interior, para público que não está acostumado com grandes espetáculos de música erudita?
Uma das experiências mais marcantes que eu tive na minha vida profissional foi um concerto realizado em Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, para um público estimado em duas mil pessoas, praticamente um terço da população. Após o concerto, numa noite estrelada e fria, centenas de pessoas esperaram em fila para agradecer aos músicos e a mim pela presença naquela cidade.
Quais são as expectativas e planos para a orquestra em 2013?
O ano de 2013 está a todo o vapor, com recordes de vendas de assinaturas e de público em geral. Estaremos presentes no festival de Campos do Jordão e de Juiz de Fora, assim como nas séries de concertos em Paulínia e na da Osesp, com uma semana de concertos na Sala São Paulo. Além disso, acabamos de gravar nosso segundo CD com obras de Villa-Lobos para o selo Naxos, o mais importante no campo da música clássica internacional.
Qual é a expectativa para 2015, quando for entregue a Sala Minas Gerais?
Ela certamente será um divisor de águas. Primeiramente, porque a filarmônica poderá, pela primeira vez em sua história, ensaiar e tocar os concertos no mesmo espaço. Poderá também construir uma agenda de concertos mais racional, ampla e diversificada, aproximando-se ainda mais do público mineiro. Além da qualidade acústica que todos almejamos, a Sala Minas Gerais passará a ser um novo polo de produção cultural na cidade e no estado e gerará inúmeros benefícios para todos nós. Planos para ela não nos faltam..