A ideia de que música gospel se restringe ao público evangélico já foi ultrapassada.
Gravadoras seculares conceituadas abriram as portas para os cantores evangélicos, como é o caso da Som Livre, das organizações Globo, Universal Music e Sony Music. Esta, acompanhou por mais de 10 anos o mercado e em 2010 decidiu investir em um departamento exclusivo de música gospel.
"Este é um resultado espetacular em se tratando de uma companhia com tantos artistas de peso, e por ser um projeto com apenas cinco anos de estrada. As vendas digitais estão crescendo bastante e, hoje, já representam 38% de nosso mercado gospel", diz, otimista, o representante.
Celeiro mineiro
Minas Gerais é um grande berço de artistas, e, na música gospel, não é diferente. Thalles Roberto, Régis Danese e André Valadão são nomes consolidados, que rodam o Brasil e o mundo apresentando seus trabalhos. Filho de Márcio Valadão, pastor presidente da Igreja Batista da Lagoinha, André iniciou a trajetória artística no grupo Diante do Trono, liderado pela irmã Ana Paula Valadão. Há 11 anos, segue carreira solo na música, contabilizando 13 CD's e seis DVD's. Ele acredita que as canções religiosas conseguiram adaptar-se ao gosto do público.
"O crescimento da música gospel, em primeiro lugar, é uma resposta ao que a população realmente quer ouvir. Ouvir canções com conteúdo, mensagens positivas, motivadores, de perdão, recomeço e fé. E creio também que a queda da qualidade lírica das músicas seculares também fez migrar muitos admiradores da música para o gospel", afirma o cantor.
O artista mineiro participa do Festival Promessas, mega evento anual organizado pela Rede Globo desde 2011. "Eles querem audiência, foram claros dizendo que o que as pessoas querem e buscam o que seria encontrado lá. Por isso, abriu as portas para o gospel", diz André.
Mercado alternativo
Para ouvir a música do seu artista favorito, basta um clique e você terá toda a coletânea. O fácil acesso à internet tem obrigado as gravadoras a se adaptarem ao novo mercado, como explica Mauricio Soares.
"Se há alguns anos tínhamos 3 mil pontos de vendas de discos no Brasil, hoje, trabalhamos com mais de 280 milhões de aparelhos celulares, mais de 60 plataformas digitais, inúmeras oportunidades e novas tecnologias surgindo, e, ainda, mantendo firme a venda dos formatos físicos tradicionais. Até o LP volta a ser uma linha interessante de negócios. Ou seja, não há crise", explica o diretor da Sony Music Gospel.
Segundo ele, existe um rumo a que os artistas devem seguir.
Apesar da facilidade no acesso aos materiais piratas, André Valadão já vendeu mais de 3,5 milhões de CD's e mais de 430 mil DVD's. Ele repudia a comercialização de conteúdo que não seja original. "A música evangélica carrega uma mensagem clara de que baixar música pirata vai além de um crime, é também um pecado diante de Deus. Creio que a atitude de não baixar músicas piratas reflete em caráter e conduta. Isso, claro, muito bem ensinado na fé evangélica", reforça o compositor.
Ciente da força da internet, André também tem utilizado a plataforma para ficar mais próximo do público. Ele lançou um canal no YouTube, que já conta com mais de 90 mil inscritos e tem uma média de 1,5 milhão de visualizações por mês – no Facebook ele conta com nada menos que 4,8 milhões de curtidas. "Pela internet, o artista tem controle do que realmente pode fazer e investir. Infelizmente, as rádios de hoje não são de total confiança, e a mídia de internet está, em todo tempo, na palma da mão dos fãs", acrescenta o músico mineiro..