Aos 36 anos, o belo-horizontino Bruno Lima Penido estreia na tela da Rede Globo com a novela das 23h, Verdades Secretas.
Já no primeiro trabalho, Bruno Penido assina como colaborador da trama que vai retratar os bastidores do mundo da moda, a partir da história da jovem Arlete (Camila Queiroz), que sai do interior de São Paulo com o sonho de ser modelo. Na capital, ela vai se deparar com dilemas e surpresas que, segundo Walcyr Carrasco, não são noticiadas, como o polêmico book rosa – lista de modelos que aceitam ir para a cama com clientes e empresários.
Confira um clipe da novela Verdades Secretas:
O roteirista mineiro, que já passou pelo jornal Folha de S.Paulo (de 2001 a 2007) e pela Globo News, fala à Encontro sobre a primeira experiência como colaborador na Globo, e sobre o ofício de escrever, o que, para ele, sempre fez parte de sua vida. "Desde pequeno comecei a escrever e nunca parei: contos, crônicas, poesias, roteiros e outras sandices em geral, sejam elas inventadas ou encomendadas", diz Bruno no texto que abre seu site pessoal.
REVISTA ENCONTRO – Você está há 8 anos na Globo. Como foi chegar a ser roteirista na principal emissora do país?
BRUNO PENIDO – É uma experiência interessante trabalhar como colaborador. Eu sou apaixonado por novela desde que me entendo por gente. Trabalhar com Walcyr é bem interessante, e também com a Maria Elisa Berredo, que é colaboradora junto comigo. Ela é bem experiente em novelas, fez Senhora do Destino e trabalhou com Aguinaldo Silva.
E com relação à sua estreia na novela Verdades Secretas?
É uma novela bastante atípica, porque já está praticamente pronta. Escrevemos 64 capítulos. O Walcyr é uma 'máquina'. Ele escreve muito e de forma rápida. É interessante poder ver a obra toda pronta, antes mesmo de começar a ser exibida. Isso é bem incomum para novelas, já que costumam ser escritas durante a exibição.
Imagino que trabalhar com Walcyr Carrasco é, também, um aprendizado.
A oportunidade de ser colaborador também envolve o fato de se trabalhar com alguém que sempre admiramos e assistimos. É interessante porque você contribui, dá ideias, escreve e, ao mesmo tempo, precisa se adequar ao estilo do outro. Afinal, a obra pertence ao autor. Você tem de acrescentar à história dele, mas com o estilo dele.
É como se você fosse um outro Walcyr?
São personagens que saíram da cabeça de outra pessoa. Quando você cria, ninguém conhece melhor o personagem do que o próprio autor. Embora sejamos também autores, e tenhamos nossas sugestões, sempre seguimos a lógica do criador.
Mas, ele dá a liberdade para vocês opinarem ou modificarem alguma questão da trama?
Walcyr sabe muito bem o que quer. Ele é bem decidido. Quando sugerimos algo, ele pensa, escuta, mas sabe bem o que quer. Em Verdades Secretas, por exemplo, ele já estava com tudo muito definido e já sabia até como ia terminar a história.
Uma novela mais curta, como as exibidas às 23h na Globo, são menos propensas a mudanças?
Ela é menor, mas com estrutura de novela, bem diferente de uma minissérie. Pode acontecer, mesmo em novelas prontas, que se mude alguma coisa. Nesta, achamos que está bem 'redonda', que não precisa mudar nada. Estamos bem satisfeitos com o resultado.
O que o público pode esperar de Verdades Secretas?
Vamos mostrar muita coisa que não é dita no jornalismo, e nem foi mostrado em teledramaturgia, ainda. Vamos contar como é fácil para uma menina ingênua se perder, caso não seja bem orientada.
O trabalho no Rio de Janeiro afeta seu relacionamento com a família, que mora em Belo Horizonte?
Eu trabalho de casa. Não vou ao Projac, nem tenho cotato diário com atores. Se estou em BH ou no Rio, não faz diferença. Posso estar em qualquer lugar, mas o que preciso é concentração e tempo. Gosto de estar próximo a meus livros e meu dicionário.
Como você saiu de BH para ser colaborador numa novela da Globo?
Muitos perguntam se, quando estava em Belo Horizonte, conheci alguém que trabalhava nessa área. Não conheci ninguém. Comecei como repórter da Folha, e, em 2004, mandei um email para um cara da Globo, que era 'script doctor' , para fazer curso com ele. Então, continuei como jornalista, e só fui para a Globo em 2007, ainda nessa profissão. Foi uma estrada de 10 anos, sempre me preparando. Terminei o curso para autores da emissora, em 2014, e tinha colegas que também são colaboradores, e que estão em produções como Babilônia e I Love Paraisópolis. Era um curso interno da Globo, para funcionários, em que eles nos prepararam, e acabei sendo levado a trabalhar com Walcyr. Como é um trabalho muito subjetivo, eles usam a afinidade para formar as equipes. Alguns escrevem de forma mais humorística, outros, mais irônica. É importante ter uma relação de respeito e admiração com quem se trabalha. E, claro, é preciso ter também entendimento artístico, ter uma sintonia..