Revista Encontro

Cinema

Atriz mineira está no elenco de filme brasileiro que concorre à Palma de Ouro em Cannes

A belo-horizontina Bárbara Colen atua ao lado de Sônia Braga em Aquarius, longa indicado ao prêmio principal do festival francês

Marcelo Fraga
Desde criança, ela sonhava em ser atriz.
Passava maquiagem, colocava fantasias e conversava com o próprio reflexo no espelho. Ainda nos primeiros anos de vida, a mineira Bárbara Colen já imaginava que seus sonhos se tornariam realidade. O que sua imaginação não poderia previr é que ela, um dia, atuaria em um filme candidato a uma das maiores premiações da cinematografia mundial: a Palma de Ouro, entregue no Festival de Cannes, na França.

Bárbara Colen atua ao lado de Sônia Braga no filme Aquarius, longa-metragem do diretor Kléber Mendonça (O Som ao Redor), que concorre na categoria principal em Cannes. O filme foi gravado em 2015, em Recife, e conta a história de Clara (Sônia Braga), uma escritora aposentada, moradora do bairro de Boa Viagem – na capital pernambucana –, que tem o dom de viajar no tempo.

O Festival de Cannes de 2016 será realizado entre os dias 11 e 22 de maio. Aquarius concorre à Palma de Ouro com outros 19 filmes, entre eles, Julieta, do diretor espanhol Pedro Almodóvar (A Pele que Habito).

Confira a entrevista que a Encontro fez com a jovem atriz mineira Bárbara Colen:

ENCONTRO – Como você se sentiu ao receber o convite para atuar no filme Aquarius, ao lado de uma atriz consagrada como Sônia Braga?
BÁRBARA COLEN – Fiz os testes para o filme e recebi o convite um mês depois. Foi um grande susto e uma grande alegria. Sônia Braga é uma atriz consagradíssima, inclusive com reconhecimento internacional, além de ser muito experiente.
Por ser um filme protagonizado por ela, e dirigido pelo Kleber Mendonça, eu tive a certeza de que daria muito certo.

Você poderia imaginar que, um dia, atuaria em um filme indicado a um prêmio tão importante como a Palma de Ouro de Cannes?
Nunca ! O Festival de Cannes é um dos mais tradicionais e prestigiados do mundo. Ver Aquarius na categoria principal, concorrendo com diretores como Pedro Almodóvar e Woody Allen, foi bastante 'surreal' para mim.

O cinema brasileiro ainda não ganhou um Oscar, entretanto, costuma se destacar em outros festivais. Para você, quais são os aspectos mais importantes da cinematografia brasileira?
Para mim, o mais fascinante do cinema brasileiro é que ele conta histórias nas quais nós, brasileiros, nos identificamos. Os personagens são familiares para a gente. Acho que quando vemos a nossa cidade, por exemplo, retratada em um filme, passamos a olhá-la de uma maneira diferente.
Bábara Colen: "O mais fascinante do cinema brasileiro é que ele conta histórias nas quais nós, pessoas comuns, nos identificamos" - Foto: Divulgação
Você sempre sonhou em ser atriz?
Sempre. Quando era criança, era bem imaginativa; gostava muito de ler e inventar histórias. Minha brincadeira preferida era colocar fantasias, fazer maquiagem e ficar horas falando sozinha com o espelho . De fato, não sei definir um momento em que essa vontade apareceu. Está comigo a vida toda.

Como foi o início da sua carreira? Com quantos anos começou a atuar?
Comecei a atuar ainda adolescente, com uns 16 anos. Passei por algumas escolas de Belo Horizonte e me formei pelo curso de teatro do Palácio das Artes . Paralelamente, também me formei como bailarina de dança flamenca. Porém, sempre tive uma tendência para o audiovisual.

Em quem você se inspira, profissionalmente?
É difícil dizer. São muitas as inspirações.
Um ator que, para mim, sempre foi uma grande referência é Irandhir Santos . Ele atuou em muitos filmes brasileiros e o admiro pela maneira como constrói os personagens e, principalmente, porque vejo nele muita verdade e entrega.

Devido ao sucesso com Aquarius, você, certamente, já recebeu convites para outros trabalhos. Pode revelar alguma coisa pra gente?
Tenho dois projetos de filmes para este ano. O primeiro é o Baixo Centro, um longa-metragem do Ewerton Belico e Samuel Marotta, que vamos começar a rodar em junho. O próximo está previsto para agosto, e também um longa, No Coração do Mundo, que é dirigido por Maurílio e Gabriel Martins. No teatro, estou trabalhando junto com um diretor e ator catalão, Ferran Utzet, em uma peça baseada nas cartas que o escritor e dramaturgo russo Anton Tcheckhov enviou para a esposa, Olga Knipper, no final do século XIX..