"Descobriu-se que era totalmente infundado o medo de que a publicação pudesse promover a ideologia de Hitler ou torná-la mais popular e, assim, fornecesse aos neonazistas uma nova ferramenta de propaganda", diz Andreas Wirsching, diretor do Instituto de História Contemporânea de Munique, em comunicado enviado à imprensa na terça, dia 3 de janeiro. "Ao contrário, o debate sobre a visão de mundo de Hitler e sua forma de propagar as ideias permitiu observar as causas e consequências das ideologias totalitárias, num momento em que visões políticas autoritárias e pensamentos de direita estão ganhando força", completa Andreas.
De qualquer forma, a nova versão de Mein Kampf, que tem 1.948 páginas, já está caminhando para a sexta edição e se tornou best-seller na Alemanha. Ela figurou entre os livros mais vendidos na categoria não ficção no ranking da revista alemã Der Spiegel durante quase todo o ano de 2016.
Segundo o Instituto de História Contemporânea de Munique, já foram vendidas quase 85 mil cópias da versão comentada da obra antissemita de Hitler, desde o lançamento, em janeiro de 2016. Originalmente, estava programada a impressão de apenas 4 mil exemplares, mas o sucesso foi tanto que a sexta edição deve chegar às livrarias ainda em janeiro de 2017.
Na época do Terceiro Reich, de 1925 até a derrocada dos nazistas, foram vendidos nada menos que 12 milhões de exemplares de Mein Kampf em todo o mundo. Mesmo depois da Segunda Guerra, ainda era possível adquirir uma cópia da polêmica obra em sebos alemães. O livro nunca esteve proibido na Alemanha. Na verdade, enquanto o estado da Baviera era detentor dos direitos autorais do texto de Hitler, ele nunca autorizou sua reedição.