Nos últimos anos, o carnaval de BH vem se profissionalizando e em 2017 mais de 3 milhões de pessoas acompanharam os trios elétricos, superando a estimativa de público da Belotur. O campeão de público foi o Baianas Ozadas, que tirou aproximadamente 500 mil pessoas de suas casas na segunda-feira. "Tocamos o ano inteiro tanto para fazer uma caixinha para o carnaval quanto para organizarmos toda a questão musical para o desfile", diz Géo Cardoso, fundador e cantor da banda que leva o mesmo nome do bloco.
O bloco Cómo Te Lhamas? criou a Orquesta Atípica de Lhamas, que investe na cumbia, ritmo de origem colombiana. O grupo vem fazendo shows em casas noturnas e festivais, além de bailes periódicos de produção própria, realizados no Bar Latino/Necup, no Prado. O próximo está marcado para 6 de setembro. "Nos últimos tempos, o brasileiro vem buscando se conectar com suas raízes latino-americanas e trocar experiências culturais e sociais com os países que nos cercam", acredita Lucas Buzatti, percussionista da orquestra.
Uma das fundadoras do bloco Chama o Síndico, Nara Torres conta que o grupo, criado em 2012, também deu origem a uma banda, que trabalha o ano inteiro. "Realizamos bailes, shows e até um arraial para obter recursos", diz. "Não ficamos sem tocar em nenhum momento do ano." A preparação do desfile para o carnaval de 2018 está prevista para começar em setembro. Nara conta que vai oferecer oficinas de formação musical e priorizar a construção coletiva do próximo desfile. "Vamos oferecer oficinas semanais em diferentes locais da cidade. Serão 150 vagas para percussionistas, 30 para os metais, 30 para dançarinos e outras 30 para o coro", explica Nara. As oficinas são pagas e o valor, data e ficha de inscrição serão divulgados nas páginas das redes sociais do bloco.
A oficina começa com todos dispostos em círculo, de acordo com o instrumento de preferência de cada um. Instrumentos iguais ficam lado a lado. Gustavo fica no centro do círculo e acompanha atentamente o desenvolvimento individual de cada participante, oferecendo auxílio sempre que necessário. "Brincamos que o olho do Gustavo até faísca quando erramos. Mas posso falar? Não tem nada mais satisfatório do que vir aqui tocar meu tamborim", conta a artista plástica Milena dos Santos.
O constante esforço dos blocos para criar espetáculos cada vez maiores e mais organizados ajuda a explicar como o carnaval da capital mineira se tornou um fenômeno de público. "Antes, Belo Horizonte exportava foliões para outros lugares, mas nos últimos anos conseguimos observar o processo inverso", diz Géo Cardoso. Agora, não é preciso esperar fevereiro para aproveitar essa festa. (Colaborou Geisiane Martins).