Embora o trabalho voluntário seja baseado na doação, isso não quer dizer que os participantes não recebem nada de volta. "A gente ensina mas aprende muito com os alunos. No setor Braille vemos a coragem com que eles encaram a vida e isso transforma a nossa", contou a professora do grupo de inglês para deficientes visuais Lúcia Helena.
Trupe Conta Contos
Dentro dos hospitais, as aventuras da Branca de Neve e da Menina Bonita do Laço de Fita transportam crianças e adolescentes para outras realidades. Toda terça-feira, a Trupe Conta Contos transforma a brinquedoteca do Hospital Infantil João Paulo II em um palco de histórias. "Às vezes chegam as crianças arrastando o seu suporte de soro. Então a gente tem que ter muito cuidado com o tipo de histórias que contamos", contou o contador de histórias e idealizador do projeto Pierre André, cujo livro favorito é "O pescador, o anel e o rei".
O projeto voluntário nasceu depois de uma das reuniões mensais da Trupe, quando os integrantes "cismaram" de ir para os hospitais contar histórias. Parte da motivação veio da história de vida do próprio Pierre, que passou grande parte da sua vida batalhando contra a diabetes e o câncer: "Como Deus me ajudou tanto por estar vivo, decidi que queria fazer esse trabalho voluntário". A Trupe Conta Contos também faz visitas a lares de idosos e de crianças que estão sob medida protetiva. Os interessados em participarem do projeto voluntário devem ligar para (31) 99774-9051.
Voluntários do Setor Braille
No segundo andar da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais fica o setor Braille, com mais de 2000 títulos impressos e audiolivros no acervo. Mas a atuação do departamento não fica restrita apenas à literatura. Durante a semana, voluntários emprestam a sua visão para que os deficientes visuais que participam dos grupos de estudo possam ler os livros e apostilas que não foram transcritos para o Braille. O trabalho é focado em prepará-los para concursos públicos, contribuindo na inserção no mercado de trabalho. "Aprendizado nunca é demais. Quando eu estudava para concursos era por necessidade. Mas hoje, que estou formada e tenho um bom emprego, participo mais por questão de conhecimento e para encontrar o pessoal" contou a aluna Juliana Ribeiro.
Fundado em 1965, o setor sempre buscou ir de encontro às dificuldades dos cegos. Segundo a diretora de extensão e ação regionalizada Gildete Veloso "O foco é a literatura, mas fugimos um pouco para atender às maiores necessidades deles, seja ensinando inglês ou questões de concursos públicos".
O setor Braille também conta com outras atividades, como o "tempo para ler", onde duas voluntárias leem um livro para o grupo, e o "clube de leitura" que acontece a cada dois meses e é baseado no debate da obra de um autor que possua livros em Braille no acervo. Para se tornar um voluntário basta comparecer ao setor e preencher um formulário com os seus horários disponíveis.
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