A concentração acontecia sempre no mesmo local: no encontro das ruas Itapecerica e Machado de Assis, na boêmia região da Lagoinha. De lá, o bloco seguia em cortejo até a avenida Afonso Pena, para abrir os desfiles das escolas de samba. "Vinha gente da cidade inteira, era uma coisa de louco", relembra Jairo Nascimento Moreira, integrante do Leão da Lagoinha e também da Associação Cultural Recreativa Santo André.
Jairo conta que o Leão sempre teve um "quê" de teatral. Uma das inspirações era o mito da Loira do Bonfim – lenda urbana sobre uma mulher que seduzia homens e os levava para casa, que, na verdade, era o Cemitério do Bonfim. "Em homenagem a ela, foliões colocavam perucas loiras, exageravam no batom vermelho e, em um misto de teatro e samba, desfilavam pelas ruas do bairro", conta.
Porém, nem só de festas viveu o bloco mais antigo da cidade. Em uma dissidência ocorrida em 1975, parte dos músicos e integrantes fundou a Banda Mole. Cerca de 100 foliões fantasiados de mulher saíram da Lagoinha em direção ao centro da cidade. Em 1995, a Banda Mole alcançou seu recorde de público, arrastando cerca de 400 mil pessoas em seu tradicional pré-Carnaval de rua.
De 1975 a 1985, o Leão da Lagoinha foi "sobrevivendo" com sérios problemas financeiros. "Assim, o Leão adormeceu. Somente em 2010 começamos a discutir novamente a volta do bloco, que aconteceu de fato no Carnaval de 2017", diz Jairo Moreira. O bloco se juntou à bateria Manhas e Manias e fizeram ensaios abertos na comunidade. Com tudo afinado, voltou para a avenida Afonso Pena e, "acordado como nunca", como afirma Jairo, o Leão abriu novamente os desfiles das escolas de samba de Belo Horizonte.
O Leão da Lagoinha vai desfilar no Carnaval 2020 em BH no dia 24 de fevereiro. A concentração ocorre a partir das 16h, na rua Itapecerica nº 879.
(com informações do site da Prefeitura de Belo Horizonte)
*Publicado originalmente em 23/11/2017.