Qual é o tema do livro?
O título já remete a algo que todos nós já vivemos, que é não poder chorar, não se sentir autorizado a chorar. Eu não estou me direcionando, no livro, só aos homens, mas quando vi o documentário O Silêncio dos Homens, que fala sobre o machismo, sobre como eles crescem acreditando que não podem chorar, isso mexeu muito comigo. E eu sou uma ativista do choro. A gente precisa levar o choro a sério. Então o livro é a história de um menino que resolve colocar em prática o que ouvia sobre “engolir o choro”. Até que não consegue mais não engolir.
Como surgiu a ideia de fazer um livro infantil?
Eu já estava com vontade de fazer. Tenho um sentimento especial com livros que li quando Francisco era pequeno, alguns me marcaram muito. Na pandemia, fui fazer a quarta capa de um livro para a editora e me vi conversando com as crianças como destinatário. Imaginando o destinatário, como falar com ele. Como se eu abaixasse na altura de uma criança para conversar com ela. Entrei no clima. E aí esbocei a história.
Pode falar um pouco sobre as ilustrações?
Fizemos a imagem de menino que pudesse ser universal. Ele não tem caracterização de tipo de roupa, por exemplo. Quisemos deixar mais espaço para a imaginação. A ilustração, nos livros infantis, é muito importante. É como se fosse uma segunda camada que ajuda a história a existir.
Como é escrever para o público infantil?
Escrever para criança é colocar nossa criança mais livre para dizer. É uma libertação muito grande. E é uma grande escola de literatura. Passa por entrar em contato com a criança que você foi, que a gente é. Outra coisa legal é que livro para adulto é só para adulto, mas livro para criança é para criança e adulto (ou crianças de 2 a 100 anos).
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