Revista Encontro

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Viagem pelos sabores do mundo

Luciana Coelho
None - Foto: Divulgação

Já imaginou como seria uma dieta baseada na bíblia? De que forma se alimentava a estrela de Hollywood Marinly Monroe? E a última refeição servida no Titanic? Em busca de histórias curiosas como essas, além do gosto pela gastronomia, o escrior Breno Lerner lançou, pela editora Melhoramentos, o livro O ganso marisco e outros papos de cozinha, que tem 232 páginas e custa, em média, R$ 35. A obra reúne várias histórias bem humoradas de viagens que o autor fez pelo mundo para entender melhor as origens dos alimentos.

 

A ideia de pesquisar sobre gastronomia, segundo o autor, surgiu de uma curiosidade sobre a culinária judaica. Daí para frente, não parou mais de investigar. Ao todo foram 12 anos visitando bibliotecas e museus em busca de contos curiosos e divertidos, sobre as mais váriadas receitas. Nesse périplo, chegou a visitar o Vaticano, em Roma.

 

 

 

Depois de muita pressão dos amigos, Lerner publicou o livro: “Percebi que, com passar do tempo, as pessoas não tiveram tanto cuidado em preservar a história da culinária, o que gerou alguns problemas para pesquisar as receitas. Por esse motivo, no livro, apresento mais de uma versão de algumas comidas”.

 

O autor é fascinado pela culinária do norte do Brasil, e a considera a mais original. Mesmo não tendo receitas da culinária de Minas Gerais nesse livro, Lerner não esquece nosso estado e revela que só os mineiros sabem como cozinhar e aproveitar o ora-pro-nobis (espécie de trepadeira). “Essa iguaria é um verdadeiro mito.

Diz a lenda que a erva era plantada pelos padres, atrás das igrejas, e não deixavam ninguém colher. Porém, na hora da missa, as pessoas aproveitavam que o pároco estava ocupado para pegar, escondidos, a planta. Daí surgiu o nome”, conta Lerner.

 

O contador de histórias, como ele mesmo se descreve, aprendeu a cozinhar durante o processo de pesquisa, o que o ajudou a enriquecer suas histórias. Breno acredita que a culinária caminha junto com a humanidade, fazendo parte das transformações do mundo. “O homem deixou de ser nômade quando começou a plantar e a dominar a natureza. O Brasil, por exemplo, só foi descoberto porque os portugueses buscavam especiarias”.

 

"Causos" da culinária

 

O conto mais divertido, de acordo com o autor, é do ganso marisco, que acabou dando nome ao livro. Quando Lerner estava em Roma, onde conheceu o Vaticano, por sorte (ou destino?) descobriu essa história. Como consta no livro, essa ave, também conhecida como ganso das faces brancas, vive nas regiões árticas, e, no inverno, migra para as regiões costeiras da Inglaterra, Escócia e Irlanda, em busca de alimento e parceiros para procriação. De acordo com o imaginário popular, o ganso botava seus ovos em árvores à beira-mar, ou troncos flutuantes, e quando os filhotes nem tinham terminado de se formar completamente, caíam na água e saíam nadando ou voando. A história ficou tão popular que os padres da época permitiam que os fiéis comessem o ganso marisco no período da quaresma.

 

Outro conto curioso é o da revolta da carne casher, a única iguaria que os judeus ortodoxos podem consumir. Para ser aceita pela comunidade hebraica, segundo Lerner, uma carne só se torna desse tipo, depois de seguir inúmeras regras, desde a criação do animal à venda no frigorífico. Em 1902, em Nova York (Estados Unidos), as mulheres judias saíram às ruas para protestarem contra o aumento do quilo de casher. Os jornais da época registraram esse episódio como o primeiro movimento social feminino realizado nos EUA.

“Foi muito difícil achar os registros desse fato, pois só estava registrado em jornais”, diz o autor.

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