Revista Encontro

None

Entre os melhores do mundo

Sílvia Helena Laporte
None - Foto: Divulgação

Jordi Roca, 34 anos, é o caçula dos três irmãos que comandam o El Celler de Can Roca, na cidadezinha catalã de Girona, na Espanha, eleito pelo segundo ano consecutivo o segundo melhor restaurante do mundo pela revista britânica Restaurant. Responsável pelas sobremesas da casa, ele foi parar na cozinha porque não queria saber da escola. Foi, então, trabalhar como garçom no restaurante da família, cujo confeiteiro precisava de um ajudante. Ele passou a Jordi todas as técnicas que conhecia e Jordi foi se apaixonando pela alquimia dos doces. Estudou muito e, quando dominou a base francesa da confeitaria, passou a experimentar as suas próprias combinações de sabores e texturas. Veio, então, um passo importante na sua trajetória: um estágio no lendário El Bulli, de Ferran Adriá, que, como diz Jordi, “abriu a minha cabeça”.

 

Escalado para participar da 15ª edição do Festival Cultura e Gastronomia de Tiradentes, no qual serviu um festim formado por pratos salgados criados pelo irmão mais velho e sócio Joan, e uma sobremesa que faz jus à sua fama de pâtissier talentoso e criativo, o simpático e paciente Jordi recebeu a Revista Encontro para um rápido bate-papo depois do banquete realizado em 24 de agosto, na Pousada Villa Paolucci.

 

1 – Esta é a primeira vez que você vem ao Brasil?

 

Conheço a Bahia, o Rio de Janeiro, São Paulo, o Pará. Tive uma namorada brasileira e vim ao país pela primeira vez há seis anos.

 

2 – O que você acha da comida brasileira?

 

É uma cozinha muito forte, resultado de uma mistura de culturas que, para mim, tem todo o potencial necessário para vir a ser uma gastronomia importante mundialmente.No país há produtos e pratos que nunca havia visto, como bacuri, caju, açaí e vatapá, além de grandes cozinheiros como Alex Atala, um grande amigo.

 

3 – Qual foi o primeiro prato brasileiro que provou? E qual é o que mais gostou?

 

O primeiro foi quindim, de que gostei muito. Mas adoro moqueca de camarão, que comi na Bahia e em São Paulo.

 

Vista do pátio do restaurante El Celler de Can Roca
 

 

4 – Cite uma lembrança gastronômica marcante.

 

As lulas à romana que minha avó fazia.

 

5 – Doce ou salgado?

 

Doce.

Só quando se trata de uma moqueca escolho o salgado.

 

6 – No cotidiano, o que você gosta de comer?

 

Eu e meus irmãos almoçamos e jantamos todos os dias no restaurante dos meus pais, que fica a 100 metros do nosso. Terça-feira é dia de lentilha, que aprecio bastante. Na quarta tem salada russa, na quinta, arroz à cubana, na sexta, canelones e, no sábado, a receita de lula da minha avó.

 

7 – O que não pode faltar na sua despensa?

 

Açúcar. Gosto muito de sobremesas e, além disso, ele é indispensável para o meu trabalho.

 

8 – Quem é, na, sua opinião, o melhor cozinheiro do mundo?

 

Meu irmão Joan, que assina os pratos salgados que servi em Tiradentes. Eu o admiro pela capacidade de interpretar uma receita e fazê-la evoluir até chegar a um nível impensável. Ele tem grande capacidade criativa, mas também sabe a hora de freá-la, e isso, para mim, é uma qualidade de valor. E o mais importante: ele é uma boa pessoa.

 

9 – Como você definiria uma refeição perfeita?

 

Ela tem que ter um enredo, um porquê, um fio condutor. Tem que contar uma história por meio de sensações e emoções.

 

10 – E um bom doce?

 

Apesar da técnica e da perfeição exigidas no preparo de uma sobremesa, ela tem que parecer algo fácil de fazer e comer. Uma sobremesa deve ser divertida.

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