O mercado de peixes, aliás, é crescente no mundo, movimentando 90 bilhões de dólares por ano. O Brasil se encontra como um dos 10 maiores produtores de peixes de água doce do mundo, e tem potencial para crescer.
E a má-fé não fica restrita ao mercado de peixes “Há tratamentos químicos, por exemplo, capazes de tornar mais brancos queijos feitos de leite de vaca para que estes possam ser comercializados como derivados de búfala. E esta é apenas uma, entre as muitas fraudes”, alerta o biólogo e pesquisador Bruno Brasil. “A certificação de origem e pureza de alimentos pode ajudar a prevenir alergias. Por exemplo, algumas pessoas possuem intolerância ao leite de vaca e seus derivados, notadamente as crianças, e recorrem a substitutos como o leite de cabra. Nestes casos é muito importante que não exista leite de origem bovina, mesmo que em quantidades ínfimas”, diz Bruno. Adulterações foram detectadas com contaminação de leite de vaca em 26% dos queijos rotulados como de origem bubalina (búfalos) e em 30% dos leites e queijos rotulados como de origem caprina (cabras). Nestes produtos lácteos o leite de vaca compunha desde 1% até 100% do produto. Contaminações deste tipo também foram encontradas em queijos derivados de ovelha e hambúrgueres de carne de búfalo. Neste estudo foram avaliadas mais de 50 amostras de produtos comercializados por 25 diferentes marcas nas principais redes de supermercado da região metropolitana de Belo Horizonte.
De olho na certificação, João Batista de Souza, criador de búfalos, foi o pioneiro em Minas a ter o selo de pureza da ABCB (Associação Brasileira dos Criadores de Búfalos).
Para se proteger, o consumidor deve prestar atenção ao selo de garantia dos produtos. Atento aos problemas, a equipe de pesquisa da UFMG criou a empresa Valid Biotecnologia, pioneira no Brasil na emissão de laudos laboratoriais que atestam a origem de alimentos como muçarela de búfala, carnes e peixes. A empresa presta serviços para associações certificadoras, que possuem selo de garantia ou marca própria e também atende a órgãos regulamentadores estatais como o Instituto Estadual de Florestas, o Instituto Chico Mendes e o Ministério da Agricultura.
O mapeamento do DNA de alimentos pode representar um avanço também para o comércio brasileiro, pois a certificação de origem e pureza de alimentos pode favorecer a exportação de produtos brasileiros, agregando valor e assegurando a qualidade dos mesmos. “Já dispomos de um grande acervo de informações que pode ser utilizado para a prestação de serviços”, diz a pesquisadora Marcela Drummond.