Eles vão entrar com vontade, dar "tudo de si" e fazer seu máximo para garantir um bom resultado. Os jogadores em questão não são especialistas nas quatro linhas, mas donos e chefs dos quase 300 bares, restaurantes e lanchonetes de Belo Horizonte que vão participar dos seis festivais gastronômicos programados para acontecerem antes que a bola role pela Copa do Mundo, no dia 13 de junho. Somados, os certames esperam levar coisa de 2 milhões de comensais a suas mesas e balcões, audiência para Brasil x Argentina nenhum botar defeito.
A preparação intensa começou no ano passado, ainda de maneira conceitual. Agora, com casas escaladas e cardápios competitivos, é hora de entrar em campo para convencer o público e ficar na torcida do aplauso. Entre os certames, o mais aguardado é o Botecar. Trata-se do evento criado por um grupo de bares tradicionalíssimos na capital, que se reuniram para bater bola em abril.
Participam da iniciativa 53 estabelecimentos, entre eles, Patorroco, no Prado; Bar da Lora, no Mercado Central; Bar do Doca, no Gutierrez; Bartiquim, em Santa Tereza; Bar do Véio, no Caiçara; e Bar do Zezé, no Barreiro de Baixo. "Os bares vão criar tira-gostos com o que há de melhor em cada cozinha e aguardam a votação do público", explica Antônio Lúcio, um dos organizadores. Vencem os tira-gostos mais bem votados, assim como a cerveja mais gelada.
O mais antigo concurso gastronômico da cidade, o Comida di Buteco, que acontece praticamente na mesma época e chega neste ano à 15ª edição consecutiva, vai de 11 de abril a 11 de maio.
Outra novidade na cidade para 2014 é o festival Aproxima, criado pelo gastrônomo e agitador cultural Eduardo Maya, ao lado do também chef Eduardo Avellar. Foi Maya quem criou o Comida di Buteco, ao lado de Maria Eulália Araújo – ele se afastou por questões internas, no ano passado. Há cinco anos, o chef ajudou a fundar a Conspiração Gastronômica, entidade sem fins lucrativos dedicada à pesquisa dos ingredientes e receitas típicas de Minas Gerais.
A intenção, agora, é provocar restaurantes, sanduicherias e lanchonetes da capital a incorporar produtos mineiríssimos, como o pequi, queijo-cabacinha e cachaça de Salinas, em seus cardápios fixos. "Temos uma lista de produtores, uma relação de produtos e seus modos de preparo. Queremos aproximar esse conhecimento da técnica dos restaurantes e do grande público, mineiro e de fora", diz Eduardo Maya. Não por acaso, os 80 estabelecimentos já selecionados oferecerão seus cardápios com sotaque mais carregado durante todo o mês de junho. Antes, de 28 a 31 de maio, produtores e restaurantes farão menus especiais em uma grande feira aberta ao público, que acontece na praça da Estação, batizado de Estação Aproxima.
O conceito é o mesmo do festival Fartura: os restaurantes mais renomados da capital mineira, de São Paulo e de outras regiões do Brasil "levam" suas cozinhas para barracas de rua, oferecendo preparos de alta qualidade a preços populares. Ainda sem data definida, o evento, programado para abril, está em fase final de produção, mas já conta com uma assinatura de peso. Quem está à frente é o empresário Rodrigo Ferraz, coordenador do Festival de Gastronomia de Tiradentes e proprietário da choperia Albano’s e do Haus München. Segundo Ferraz, eventos como esse são uma tendência mundial e BH não pode ficar de fora. Com isso, diz, é possível valorizar a cadeia produtiva e ainda democratizar a gastronomia.
Além do Botecar e do Aproxima, outros dois grandes festivais gastronômicos já definiram suas datas na capital.