De acordo com o cardiologista Daniel Magnoni, chefe de nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, o açúcar é considerado prejudicial porque a população o enxerga isoladamente, deixando de lado outro componente importante, que é o estilo de vida. "O ingrediente só é negativo quando ingerido em grande quantidade e somado à uma vida de excessos, estresse e sedentarismo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde , até 10% das calorias totais diárias podem ser obtidas via açúcar", esclarece o especialista.
Quem lembra que o sedentarismo é um dos principais fatores em relação ao estilo de vida da população e ao desenvolvimento de doenças, como a obesidade, é o endocrinologista Marcio Mancini, responsável pelo Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da USP. Os dados da pesquisa mostram que apenas 30% dos entrevistados praticam atividades físicas. Apesar da taxa baixa, desse total, 67% ingerem açúcar e, dos que consomem, a maioria mantém o peso adequado (73%).
"Esse índice mostra que o ingrediente não é a principal causa da obesidade ou do sobrepeso, e sim um coadjuvante. Doenças como obesidade e diabetes são multifatoriais, ou seja, podem ter diversas causas, sendo que nenhuma delas é o consumo isolado do açúcar.
O estudo mostra ainda que 71% dos entrevistados consomem açúcar habitualmente. Desse total, 46,5% utilizam o ingrediente de uma a três vezes na semana, sendo que a preferência (85%) é pelo tipo branco.
O médico Daniel Magnoni acredita que é preciso trabalhar os conceitos de educação nutricional com a população e ensinar de que forma o açúcar pode ser usado. Menos da metade dos entrevistados tem o costume de olhar os rótulos dos produtos (36%). Desse contingente, 54% buscam informações sobre o açúcar especificamente. "Há um certo grau de dificuldade para diferenciar o açúcar adicionado com o presente nos alimentos. É muito importante trabalhar junto à população os conceitos de rotulagem e de consumo consciente", salienta o especialista..