O diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, alerta que os números são preocupantes. Segundo ele, o estoque somado à safra do ano deverá garantir um abastecimento apertado dos mercados interno e externo, o que poderá resultar no aumento de preço do produto. "Não significa falta de café, que é um fenômeno raro, mas pode significar um mercado onde a oferta seja curta", avalia o diretor da Abic.
Segundo a Conab, o tipo arábica corresponde a 90% do total do estoque privado de café da safra 2016, com 8,87 milhões de sacas. O conilon, por sua vez, representa apenas 10% do total, com 994,8 mil sacas. A região sudeste, líder na produção nacional, é responsável por 90,7% do estoque total brasileiro na safra 2016.
Os dados referem-se aos estoques em 31 de março, data que antecede a nova safra, de 2017, e foram fornecidos espontaneamente por produtores de todo o país. A pesquisa é realizada anualmente. Neste ano, foram consultados 931 armazenadores, responsáveis por 1.495 armazéns participantes.
A última estimativa da safra de café de 2017, divulgada pela Conab em maio, mostra que são esperados aproximadamente 45,6 milhões de sacas no ano, valor inferior ao de 2016, quando a safra foi de 51,37 milhões de sacas.
De acordo com Nathan Herszkowicz, o mercado trabalha com uma demanda de 52 milhões de sacas anuais: 32 milhões para exportação e 21 milhões para o mercado interno.
Conilon
O setor está preocupado especialmente com o café conilon, o mais popular no mercado interno, e o que mais sofreu com a seca dos dois últimos anos. Os cafés vendidos nos supermercados geralmente são uma mistura de conilon e arábica, esta última uma espécie mais suave com variações que permitem a produção dos tipos 'gourmet', mais refinados.
A produção do café conilon está estimada em 10,1 milhões sacas em 2017. O estoque privado em 2016 foi o menor entre as espécies, com 994,8 mil sacas. "Mesmo sabendo que a colheita do café conilon deve ser um pouco melhor, fica o receio de que oferta fique apertada durante todo o período, até a próxima safra", comenta Herszkowicz.
(com Agência Brasil).