Revista Encontro

Comemorando 20 anos, cervejaria Backer segue crescendo no mercado

A empresa mineira está dobrando sua capacidade de produção, prevê crescimento recorde este ano e aposta em duas novidades: uísque e gim

Rafael Campos
Paula Lebbos, uma das sócias da Backer, na destilaria: "Nosso uísque é muito diferente do que se encontra no mercado. Estamos trazendo algo novo" - Foto: Samuel Gê/Encontro
Os tempos estão mudando na Backer. E não é apenas no sentido natural da palavra, mas também no metafórico. A cervejaria mineira está, afinal, em franco processo de transformação. Há 20 anos, foi uma das primeiras no estado a engarrafar a bebida, feita de maneira artesanal, a partir de água, malte, lúpulo e levedura. Dependendo do estilo, 15 dias bastam para a cerveja ficar pronta. Mas, durante viagem pelos Estados Unidos há dez anos, Paula Lebbos, uma das sócias da cervejaria, conheceu de perto o processo de fabricação do uísque. Encantou-se. Ela percebeu que o modo de fazer do destilado era semelhante ao da cerveja.
Se não bastasse, o malte, seu velho conhecido, é também um dos principais ingredientes da receita. Aí se perguntou: "Por que não produzir uísque?" No entanto, a fabricação levaria bem mais do que os 15 dias a que estava acostumada. "Nós, cervejeiros, somos muito imediatistas. É um aprendizado. Temos de saber esperar e ter paciência", afirma Paula. Um bom uísque deve ser envelhecido em barris de madeira por no mínimo três anos. Conhecedora do mercado de bebidas, Paula não teve pressa. Produziu o destilado e colocou em barris de carvalho por cinco anos numa fazenda em Perdigão, a 140 km de Belo Horizonte. Neste ano eles foram abertos. O resultado é o Experience – Single Malte, que pode ser adquirido no Templo Cervejeiro da Backer, no bairro Olhos D’Água, pontos de venda e no site da cervejaria.

A produção do uísque da Backer representa também o momento pelo qual a empresa mineira está atravessando. Dizem que beber uísque significa alcançar a maturidade. A afirmação – por que não – pode se encaixar também para quem produz a bebida. Depois de consolidar o seu nome entre os bebedores de cerveja artesanal no estado, a Backer, que surgiu da antiga boate 3 Lobos, quer, de novo, surpreender o público.
"Achamos que era um bom momento para fazer o que fizemos com a cerveja, há 20 anos", diz a diretora, que revela uma expectativa de crescimento para este ano de 25%, o maior até então da marca. "Nosso uísque é muito diferente do que se encontra no mercado. Estamos trazendo algo novo", diz Paula.  "É muito suave e fácil de beber. É uma porta de entrada de ótima qualidade para quem deseja conhecer mais sobre o mundo dos uísques", diz Hayan Lebbos, mestre-destilador da Backer, que ainda destaca as notas de mel, pera e frutas secas da bebida.

Hayan Lebbos, mestre destilador, conferindo o teor alcoólico do uísque: "É muito suave e fácil de beber. É uma porta de entrada de ótima qualidade para quem deseja conhecer mais sobre o mundo dos uísques" - Foto: Samuel Gê/EncontroDurante a incursão pelo universo dos destilados, Paula, há dois anos, teve outra ideia: criar um rótulo de gim, bebida sensação entre os jovens. A exemplo do uísque, Paula pensou também em inserir ingredientes cervejeiros na receita. Entre tentativas e erros, um acerto: o lúpulo. "Não queria produzir simplesmente mais um gim para ficar na prateleira", diz Paula. Assim, surgia o Lebbos - Hop Dry Gin. Cerca de 90% dos barris adquiridos pela Backer vêm de uma destilaria americana de Bourbon, tipo famoso de uísque americano. Os tonéis chegam de navio e a viagem leva, em média, 90 dias.
Com a fase de destilados da Backer, a empresa teve de investir cerca de 4 milhões de reais. Foram criadas no seu Templo Cervejeiro uma destilaria e uma uisqueria. Entre um gole de uísque e outro de gim, as brassagens (etapa inicial da fabricação das cervejas artesanais) continuam a todo vapor pelos lados do bairro Olhos D’Água. Recentemente, a empresa adquiriu oito novos tanques para dar conta da demanda do público por seus rótulos. A aquisição vai praticamente dobrar a capacidade de produção para 800 mil litros de cerveja por mês. Atualmente, a cervejaria engarrafa cerca de 650 mil litros mensais. O parque cervejeiro também vai passar por uma expansão ainda neste ano.

Tanta pujança acaba fortalecendo boatos que circulam sobre a venda da cervejaria para alguma grande multinacional do segmento. "Vivo recebendo mensagens dizendo que a Backer foi vendida", diz Paula. "Não posso garantir que isso não vá acontecer um dia. Mas durmo e acordo pensando nisso aqui. Você venderia uma coisa que você ama?" Apesar de os tempos na Backer estarem em constante mudança, tudo indica que ela permanecerá onde está..