Revista Encontro

Bem-estar

Existe um açúcar que combate a obesidade

Estudo descobre os efeitos benéficos da manose

Marcelo Fraga
- Foto: Pixabay

Um estudo recente realizado na Califórnia, Estados Unidos, aponta que um tipo de açúcar ainda pouco conhecido pode ser um poderoso aliado no combate à obesidade. A manose, como é chamada a substância, seria capaz de afetar as bactérias do intestino e, consequentemente, estimular a perda de peso, segundo pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisas Médicas Sanford Burnham Prebys, localizado na cidade de San Diego. A informação foi divulgada pelo site americano de notícias científicas Medical News Today.

A manose, atualmente, é utilizada apenas em tratamentos de algumas infecções bacterianas e de uma doença chamada desordem congênita de glicosilação. o uso não-controlado da substância pode causar complicações de saúde e, até mesmo, levar à morte.

Para testar os efeitos desse tipo de açúcar em relação à obesidade, os cientistas americanos realizaram testes em cobaias. Camundongos foram separados em dois grupos: com dieta rica em gordura e com acréscimo da manose; e alimentação gordurosa, porém, sem esse açúcar. Além disso, os animais tiveram monitoradas a flora intestinal e os indicadores de peso corporal e gordura no fígado.

De acordo com o Medical News Today, os pesquisadores observaram que os camundongos alimentados com a dieta rica em gordura, porém, com a inclusão de manose, acabaram absorvendo menos calorias e tiveram a saúde, o peso corporal e a flora intestinal em melhor estado do que os ingeririam os mesmos alimentos, com exceção do açúcar. Os resultados foram publicados no periódico científico Cell Reports.

Outro aspecto importante é que o primeiro grupo de camundongos também não desenvolveu intolerância à glicose – problema muito associado à obesidade. Por sua vez, os roedores que prosseguiram com a dieta rica em gordura, sem ingestão da manose, tiveram ganho de peso e piora nos indicadores de saúde.

Os especialistas descobriram ainda que a ingestão de manose se mostrou mais eficiente contra a obesidade em camundongos mais jovens, com menos de oito semanas de idade.
"A flora intestinal é muito mais dinâmica no início da vida, e isso pode explicar o resultado que tivemos", comenta a pesquisadora Vandana Sharma, do Sanford Burnham Prebys, coordenadora do estudo, em entrevista ao Medical News Today.

Para o professor Hudson Freeze, diretor do instituto, mesmo com a conclusão do estudo, ainda não se sabe, exatamente, como a manose altera o metabolismo. Ainda assim, a pesquisa pode ser o pontapé inicial para novos tratamentos que ajudem a inibir e controlar a obesidade. "Essas descobertas confirmam o importante papel do microbioma intestinal no metabolismo e uma melhor compreensão disso pode ajudar a desenvolver novas terapias", afirma Freeze em entrevista para o site especializado..