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Romantismo segue ditando a moda nos lançamentos de grifes conceituadas

Traços do movimento caracterizado pelo sentimentalismo costumam reaparecer na história em momentos críticos para a humanidade, como é o caso da pandemia de Covid-19

Da redação
- Foto: Na ordem: Lore - Álvaro Fráguas/Divulgação; Amarante - Felipe Gachido/Divulgação; Skazi - Divulgação
Buscando a valorização das emoções pessoais, uma fuga da realidade e uma ode à sensibilidade e à imaginação, o movimento artístico chamado Romantismo surgiu na Europa, no século XVIII, e influenciou costumes, pensamentos e também as criações de moda de toda uma época. A exaltação do feminino era um dos carros-chefes do período e se evidenciava em peças acinturadas, ombros em evidência, saias amplas, tecidos plissados e muita renda.

Mas engana-se quem pensa que esse estilo ficou para trás. Inspirações dessa escola vem aparecendo com grande destaque de tempos em tempos na história da moda e, recentemente, são presenças garantidas em coleções de diversas marcas como Amarante do Brasil, Lore e Skazi.

É interessante reparar que algumas das principais fases em que o romantismo apareceu ou reapareceu na história foram em períodos pós-guerra, após momentos de privações ou movimentos racionalistas. Eram épocas em que as pessoas sentiram necessidade de se reconectar com seus sentimentos e ao seu lado mais humano. Agora não é diferente. Tempos difíceis e, principalmente, a pandemia vem trazendo um momento de reflexão, em que as pessoas estão olhando mas para si em busca de trazer à tona bons sentimentos, atitudes mais gentis para driblar a fase ruim.

- Foto: Na ordem: Amarante - Felipe Gachido/Divulgação; Skazi - Divulgação; Lore - Álvaro Fráguas/DivulgaçãoA coleção de lançamento da Amarante do Brasil, por exemplo, faz jus ao movimento e inspira a perspectiva em tempos melhores. A feminilidade é marcante nas criações do estilista mineiro Eduardo Amarante, diretor criativo da grife. "Sem dúvida, essa temporada traz consigo traços do romantismo.
Me inspiro em sentimentos como amor, alegria e na perspectiva de um futuro próximo mais tranquilo e esperançoso. A coleção "ELA" remete, acima de tudo, ao otimismo e isso se reflete em shapes mais fluidos, leves e femininos".

Por sua vez, a atual temporada de inverno da Lore apresenta modelos visualmente ricos e imponentes com forte presença de modelagens amplas, mangas bufantes, laços e babados, mas de uma forma atualizada. "Na coleção Precious Colours, trouxemos esses elementos tão marcantes no século XVIII e nos anos 80, do século XX, mas sem o rebuscamento original e excesso de detalhes. Isso não cabe mais nos dias atuais. Hoje, as mulheres desejam peças que expressem em alguma medida a sua feminilidade, mas também que tragam modernidade e praticidade em seus shapes, devido à sua rotina de trabalho e outras atividades", pontua Lorena Lage, diretora da marca.

- Foto: Na ordem: Amarante - Felipe Gachido/Divulgação; Lore - Álvaro Fráguas/Divulgação; Skazi - DivulgaçãoAna Paola Murta (Paolinha), diretora criativa da Skazi e Tufi Duek compartilha desse ponto de vista e levanta outras importantes pontuações sobre o tema. No mais recente lançamento da Skazi, "Inverno 21", a label trouxe looks delicadamente sofisticados, de forma a exaltar o feminino, conferindo volume em partes estratégicas da silhueta.

"As peças amplas dão uma sensação de imponência e ajudam a pessoa a se destacar, pois visualmente ela tende a parecer maior do que realmente é. Esse recurso fashion era bastante usado nas roupas do século XVIII para mostrar grandiosidade e luxo. Atualmente, usamos versões moderadas desse elemento, mas a mesma proposta. São looks modernos e atualizados para quem deseja marcar presença e se sentir dona de si e da situação em que está", conclui.

De acordo com os três diretores, esse estilo ainda deve permanecer firme em novas coleções em resposta aos tempos em que vivemos e também em consonância ao desejo do público de evidenciar o seu lado mais emocional, gentil e delicado.
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