Com que frequência você compra um hambúrguer, uma simples camisa de algodão ou uma garrafa de vinho? Sabia que as respostas servem para medir o seu consumo de água diário? Para produzir estes e outros produtos são necessários vários litros de água: é a chamada água virtual. Não a gastamos apenas ao abrir a torneira ou o chuveiro; o que está sendo calculado é o consumo indireto da fonte mais preciosa do planeta. O raciocínio gerou um novo conceito, que está sendo difundido pelo mundo afora: o de Pegada Hídrica ou Hidrológica.
A ideia é simples: quanto maior o consumo, maior a pegada. Segundo o cálculo, o brasileiro gasta 871 litros diários, enquanto que um cidadão americano pode gastar em média 4.382 litros. Este cálculo, além de possibilitar saber quais são as nações que precisam frear o consumo, dá a noção dos produtos que mais gastam H2O em sua fabricação. Pensando nisso, algumas empresas estão reformulando sua política de produção com a ideia de reduzir ao máximo a quantidade de água consumida. O interessante é que, no futuro, será possível a elaboração de uma espécie de selo que indicará na embalagem do produto se poderá ser considerado hidrologicamente correto. Ainda são poucas as organizações que buscam diminuir a quantidade de água utilizada durante a fabricação, mas algumas já deram a largada.
A empresa mineira Cedro Cachoeira, do ramo têxtil, já conseguiu diminuir litros importantes de água.
Outra empresa preocupada com o assunto é a Ambev, uma das maiores empresas de bebidas do mundo. Até 2012, a companhia irá reduzir o consumo de água em pelo menos 3,5 litros na produção de um litro de cerveja, e em 10% a emissão de CO2. A fábrica mineira, localizada em Sete Lagoas, que está sendo ampliada, já reduziu para 3,3 litros. “Na última década, reduzimos de 5,36 litros para 3,90 litros a quantidade de água utilizada para fabricar um litro de cerveja”, revela Milton Seligman, vice-presidente de relações corporativas da companhia.
Fábrica da Ambev, em Sete Lagoas: redução de 3,3 litros na produção de um litro de bebida
A Unilever, fabricante de produtos de higiene pessoal e limpeza, alimentos e sorvetes, também está investindo na iniciativa. Segundo a empresa, existe a ideia de reduzir pela metade o impacto ambiental de seus produtos, sendo que já conseguiu cortar 43% de água, nos últimos cinco anos, na sua linha de fabricação. Atualmente, a Unilever Brasil utiliza menos de 19 litros por tonelada de produção. E um dos produtos-símbolo desta mudança é o amaciante de roupas da marca, que, de diluído, passou a ser concentrado.
Reduzir o consumo da água também é uma das metas da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa). Segundo Valério Cambogi Parreira, diretor de operação sudoeste da empresa, nos últimos 10 anos houve redução no consumo médio mensal de 22 mil para 14 mil litros de água por residência. A partir disso, de acordo com o representante da Copasa, é possível saber se Belo Horizonte, por exemplo, não terá preocupações com a falta d’água no futuro. “BH, hoje, é uma das poucas cidades do mundo que têm abastecimento suficiente nos próximos 30 anos, sem problema algum”. Em relação à pegada hidrológica, a Copasa ainda neste semestre irá disponibilizar em seu site uma calculadora para que os clientes possam saber qual o consumo indireto de água.
Relação exagerada
Conheça a quantidade de água usada na produção de algumas mercadorias.
Essa medida é chamada de "pegada hídrica"
75 litros | Copo de cerveja |
1 litro | Copo de água |
960 litros | Taça de vinho |
11 mil litros/kg | Blusa de algodão |
925 litros/kg | Pacote de batatas |
16 mil litros/kg | Hambúrguer |
60 mil litros/kg | Carne bovina |
16 mil litros/kg | Microchip |
120 litros/kg | Xícara de chá |
Fonte: www.josephbergen.com/viz/water
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