Revista Encontro

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"Vamos disputar a liderança"

Kátia Massimo*
None - Foto: Studio Cerri

Quando o assunto é parque produtivo de veículos, Minas pode não ter quantidade, mas seguramente se destaca pelo potencial das fábricas instaladas em terras mineiras. A começar pela Fiat, que, pelo décimo ano consecutivo, se mantém no topo do setor no país.

Agora é a vez da Iveco Brasil, fabricante de caminhões do grupo Fiat, instalada em Sete Lagoas, que se encontra em plena expansão. No ano passado, a empresa assumiu a quarta posição no mercado de caminhões no Brasil, e agora está disposta a desbancar os principais fabricantes (Volkswagem, Mercedes-Benz e Ford). “Somos a montadora de caminhões que mais cresce no país”, diz o italiano Marco Mazzu, presidente da Iveco Latin América.

Na condução da empresa desde 2007, Mazzu foi o responsável por mudar o perfil produtivo da Iveco no Brasil. Quando assumiu o posto, a fabricante vendia 3.100 caminhões. No ano passado, atingiu 16 mil unidades. Nos últimos quatro anos, a fabricante triplicou a produção, inaugurou unidades produtivas e duplicou a rede de concessionários.

No mês passado, a empresa anunciou a implantação de fábrica de veículos de defesa para o exército brasileiro. Também lançou, na ilha de Comandatuba, na Bahia, o primeiro caminhão automatizado de sua linha, tido como um dos mais modernos fabricados no país.

Nesta entrevista à Encontro, Mazzu revela que a empresa pretende continuar investindo na expansão da fábrica de Sete Lagoas (MG) e que a meta é brigar pela liderança das vendas. “Não perdemos em nada para nenhum de nossos concorrentes”, diz.

ENCONTRO – Podemos dizer que a Iveco Brasil está em um dos seus melhores momentos?
MARCO MAZZU – Acredito que sim. Fechamos o primeiro trimestre de 2011 com 9% de participação no mercado de caminhões, uma marca histórica. Isto é quase três vezes mais do que tínhamos em 2007, quando iniciamos um plano de expansão de quatro anos, cujos investimentos somaram R$ 570 milhões. Hoje, estamos voando em outra altitude. E temos potencial para crescer ainda mais. É o início de uma nova fase de expansão da Iveco.

ENCONTRO – Este crescimento superou a expectativa de vocês?
MARCO MAZZU – Eu diria que sim. Em 2006, a Iveco tinha vendido, no Brasil, 3.100 unidades. No ano passado, vendemos 16 mil. Assim, podemos considerar que os resultados foram muito positivos. Todo este crescimento foi o resultado direto do nosso plano de expansão que se encerra este ano.

ENCONTRO – O que foi exatamente esse plano de expansão?
MARCO MAZZU – Consistiu em um ciclo baseado em alguns pilares básicos, como produto, por exemplo. Nosso foco era lançar caminhões modernos, perfeitamente adaptados ao nosso mercado. Seis famílias e versões especiais nasceram do único centro de desenvolvimento de produtos Iveco, que inauguramos em 2008.
Outro pilar foi a capacidade de produção nacional. Construímos uma unidade de caminhões pesados e ampliamos a capacidade da fábrica de Sete Lagoas. A satisfação do cliente foi outro pilar fundamental. Dobramos o tamanho da rede. Por fim, investimos na marca Iveco. Hoje ela é uma marca forte e reconhecida no mercado brasileiro e latino-americano. Estamos prontos para concorrer em todos os segmentos. Agora, é claro que temos novas ambições.

ENCONTRO – Essas novas ambições significam novo ciclo de investimentos?
MARCO MAZZU – A ideia agora é ampliar nossa capilaridade e acelerar a implantação de nosso condomínio de fornecedores em Sete Lagoas, fazendo de nossa fábrica um polo automotivo. Vamos iniciar, sim, um novo ciclo de investimentos. Mas ainda não podemos falar sobre estes novos projetos.

ENCONTRO – Qual a meta?
MARCO MAZZU – Eu sempre digo que se deve enxergar por etapas.
Falar em metas de longo prazo agora não é possível. Digo que a Iveco tem, no mínimo, que chegar a 15% do mercado de caminhões.

ENCONTRO – O senhor disse que a Iveco hoje é uma nova empresa. Em que ela difere da concorrência?
MARCO MAZZU – Difere primeiro em ter tomado a decisão de investir numa gama de produtos de tecnologia de última geração. Difere, ainda, porque concentramos o desenvolvimento dos produtos nas demandas dos clientes.

ENCONTRO – Quais os novos investimentos e projetos previstos para Minas?
MARCO MAZZU – Acabamos de anunciar a implantação da unidade de defesa, que deverá produzir cerca de 10 veículos por mês, gerando empregos diretos para 350 pessoas. A estimativa dos empregos indiretos é mais difícil de fazer, mas deverá ser de quatro a cinco vezes esse número. Estamos também instalando o condomínio de fornecedores, cujo conceito é de integrar os fornecedores chaves ao nosso sistema produtivo, para garantir mais flexibilidade ao processo. Em uma primeira fase, serão instaladas 14 empresas e o investimento será de R$ 60 milhões. Esse condomínio deve gerar 600 empregos diretos. O início de funcionamento deve acontecer no próximo ano.

ENCONTRO – Onde a Iveco quer chegar?
MARCO MAZZU – Nosso objetivo é ser a melhor empresa para nossos clientes. Esse é o primeiro ponto. Algo que se pode atingir no curto prazo e dá uma base grande de crescimento. Não vou dizer que queremos ser a primeira, segunda ou terceira. Mas não perdemos em nada para nenhum de nossos concorrentes. No longo prazo, algumas empresas disputarão a liderança do mercado. E a Iveco, seguramente, será uma delas. Temos muito para fazer.

ENCONTRO – A qualificação de mão de obra é uma dificuldade de muitas empresas. Nós temos gente qualificada para fazer frente a essa nova expansão?
MARCO MAZZU – A qualificação sempre foi um problema. O crescimento da economia gera mais dificuldade neste sentido. Mas temos trabalhado bastante. Teria sido mais difícil há quatro ou cinco anos, quando nós estávamos no início e até tivemos que trazer bastante gente do mercado. Hoje é diferente. Vivemos uma nova etapa. Estamos cultivando o nosso jovem e trazendo muita gente das escolas. E fazendo os jovens crescerem dentro da organização.

ENCONTRO – Em termos de produção, a fábrica está preparada para atender ao crescimento das vendas?
MARCO MAZZU – Com a unidade de caminhões que inauguramos em 2009, em Sete Lagoas, temos capacidade de atendimento do crescimento do mercado, sem problemas. A planta toda tem capacidade para 70 mil veículos por ano. Estamos preparados para fortalecermos nossa presença no mercado.

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