Revista Encontro

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A casa é sua!

None - Foto: Maíra Vieira

Um dos momentos mais emocionantes para quem vivencia os bastidores de uma grande exposição de arte é quando as obras são desencaixotadas. Todo cuidado é pouco para desembrulhar tais preciosidades, até que possam ser exibidas e apreciadas. Para alegria dos amantes da arte, a cena tem sido cada vez mais frequente na Casa Fiat de Cultura, localizada no Belvedere, em Nova Lima. O espaço, que comemora cinco anos em 2011, já entrou no circuito dos apreciadores da arte no estado e tem muitas atrações previstas para que a comemoração seja completa. Além disso, tem mais novidades: a mudança da Casa Fiat para a praça da Liberdade, inserindo-a no Circuito Cultural. O protocolo de intenções assinado em março entre a Casa Fiat e o governo do estado prevê a implantação do espaço cultural no prédio do Palácio dos Despachos.

 

Segundo o governo, as obras serão iniciadas depois da conclusão dos estudos do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG). A mudança deve acontecer antes da Copa de 2014. A principal transformação será no tamanho: dos 1,4 mil metros quadrados atuais, vai passar a ter 4,5 mil metros quadrados, com quatro pavimentos.

Mais espaço para grandes exposições.

 

Atualmente, duas mostras estão em cartaz na sede do Belvedere: uma com obras de Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Cândido Portinari; outra, com exemplares vindos diretamente do Museu de Arte de São Paulo (Masp), o mais importante da América Latina. Essas seleções ratificam a força da casa mineira, que receberá, entre setembro e dezembro deste ano, trabalhos de artistas italianos dentro das comemorações do Momento Itália-Brasil.

 

O projeto será inaugurado pela exposição Roma Imperial, na qual 150 obras originais irão traduzir para o público a rica história da capital italiana: arte, arquitetura triunfal, cerimônias de poder, vida cotidiana e as célebres conquistas são alguns dos traços romanos marcantes que estarão na mostra. No início de 2012 será a vez de as obras do mestre italiano De Chirico ocuparem uma das galerias. O Momento Itália-Brasil será encerrado, também no ano vem, em grande estilo, com as obras de Caravaggio, numa exposição que contará com peças de outros artistas que trabalharam em seu ateliê.

 

Diante de tamanha movimentação, o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima, reconhece que o lugar se valorizou e passou a acenar para o país a sua importância como uma das principais expositoras de arte do país. “Quebramos o estereótipo de que aqui, em Belo Horizonte, não tem público para o gênero”. Os números estão aí para comprovar o que diz Lima. Em cinco anos de Casa Fiat de Cultura, mais de 250 mil pessoas passaram pelas galerias para visitar 11 grandes exposições. O ponto alto foi em 2009, quando recebeu, de uma só vez, obras do russo Marc Chagall e do francês Auguste Rodin, com recorde de público: 125 mil pessoas.

 

O público da Casa Fiat não poderia ser mais eclético, atraindo pessoas de todas as idades e classes econômicas, principalmente por conta das facilidades de acesso, com transporte gratuito partindo da praça da Liberdade, no Funcionários, durante as mostras. José Eduardo de Lima, profundo conhecedor e entusiasta da arte, relembra com carinho a época em que foi convidado para a empreitada por Cledorvino Bellini, presidente da Fiat do Brasil: “Foi o mesmo que pedir para o pastor cuidar das ovelhas”, diz. Até o mês que vem, o público pode conferir as obras de Tarsila do Amaral e de outros modernistas. “Trouxemos Tarsila de volta a Minas, que sempre mostrou a importância do estado para redescobrir o Brasil”, explica Lima.

 

Regina Teixeira de Barros, curadora da exposição Tarsila e o Brasil dos Modernistas, conta que o trabalho foi montado exclusivamente para a Casa Fiat de Cultura. Além das pinturas da paulista de Capivari, a exposição traz obras de outros artistas que de alguma forma registraram marcas do Brasil em seus trabalhos. “A exposição foi dividida por temas como paisagens, tipos humanos, alegorias e trabalhos interpretativos”, explica Regina.

Outra exposição em cartaz é Olhar e Ser Visto – A Figura Humana da Renascença ao Contemporâneo. Segundo os organizadores, trata-se de “uma síntese do gênero mais consistente da coleção do Masp”. São 40 retratos inseridos em seis núcleos temáticos do período que vai do final do século XVI aos dias atuais. “É um gênero de primeira ordem no mundo das artes e, dentre vários motivos, deve-se a uma aspiração fundamental do ser humano: a de saber como ele é aos olhos do outro”, explica a curadora.

 

A Casa Fiat de Cultura é mantida pelo grupo Fiat. Para custear o espaço cultural, desde a inauguração já foram gastos mais de R$ 40 milhões, com orçamento anual em torno de R$ 10 milhões. Este ano, a Casa Fiat extrapolou Minas Gerais, alcançando a Itália, com o 1º Festival de Cultura Brasileira. O evento, com música instrumental erudita, design, artes visuais, arquitetura e gravuras brasileiras, artes cênicas e debates, acontece no célebre Palazzo Pamphilj, na Piazza Navona, em Roma, até o fim do ano. É comemoração em grande estilo.

 

 

Raio-X

 

Ano de fundação: 2006 – em comemoração aos 30 anos da Fiat do Brasil
Primeira exposição: Arte Italiana do Museu de Arte de São Paulo (Masp)
Recorde de público em uma mostra: 125 mil (em 2009)

 

 

Exposições 2011/2012 

 

Olhar e Ser visto – A Figura Humana da Renascença ao Contemporâneo (até 3 de julho)

 

❚ Tarsila e o Brasil dos Modernistas (até 10 de julho)

 

❚ Roma Imperial (setembro a dezembro de 2011)

 

❚ De Chirico (1º semestre de 2012)

 

❚ Caravaggio (1º semestre de 2012)

 

 

 

Serviço

 

Endereço: rua Jornalista Djalma Andrade 1.250, Belvedere

Horário de funcionamento: de terça a sexta, das 10h às 12h; sábado, domingo e feriados, das 14h às 21h

Transporte gratuito (para eventos especiais): terça a sexta: das 9h30 às 19h30; sábado, domingo e feriados: das 13h30 às 19h30 (partida na praça da Liberdade)

Entrada: gratuita

Informações: (31) 3289-8900

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