Revista Encontro

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A natureza agradece

None - Foto: Geraldo Goulart

Algumas nascentes, afluentes do rio das Velhas e da bacia do rio São Francisco, além de belas espécies da fauna e flora. Estes são os principais atrativos dos dois parques que os belo-horizontinos deverão ganhar nos próximos anos, na região do Isidoro. Provisoriamente chamados de Parque Leste e Parque Oeste, a área é a última fronteira verde de Belo Horizonte. A região, que recebe o mesmo nome do ribeirão que passa por ali, no Vetor Norte, próximo a Santa Luzia, ganhará urbanização e terá ainda cerca de 70 mil unidades habitacionais. O primeiro parque, o Leste, terá aproximadamente o tamanho do Parque das Mangabeiras, que atualmente é a maior área verde da capital. Já o parque Oeste terá aproximadamente o tamanho do Parque Municipal.

 

Os estudos em relação à criação dos dois parques e da parte urbana da região caminham paralelamente. A criação do Parque Leste está mais avançada. Já a urbanização do local está ainda em processo de licenciamento pela comissão de meio ambiente.

 

Segundo Gina Resende, secretária de Planejamento Urbano da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), a área do parque será demarcada e cercada até a Copa do Mundo, em 2014.

“A ideia é que ele tenha um perfil semelhante ao Parque das Mangabeiras, com grande área verde e lugares de entretenimento para o público”, explica a secretária. A região onde será construído o parque conta com vários cursos d’água, em meio a áreas íngremes. Um cenário propício para a prática de atividades de ecoturismo, por exemplo.

 

Segundo Gina Resende, existem alguns terrenos no local e as negociações com seus proprietários já se iniciaram. A prefeitura de BH pretende desapropriar esses terrenos e indenizar os donos com o dinheiro que está sendo pago pelas empresas empreendedoras da região. O valor na primeira fase do projeto chega a R$ 200 milhões.

 

Se depender da diversidade ambiental do lugar, os moradores da capital terão ótimos motivos para frequentar o local. Encontro apurou, com especialistas da área, que o lugar guarda espécies de fauna e flora bastante raras. Recentemente, foram encontradas espécies de aves até então ausentes na capital: o falcão-relógio (Micrastur semitorquatus) e papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva). Ainda segundo especialistas ambientais, a região está inserida numa área de ecótono (divisão entre os biomas da mata atlântica e do cerrado) e, no futuro, o parque tem tudo para se transformar num dos principais pontos de observação de aves, a exemplo do que já acontece no Mangabeiras.

 

O professor Marcus Vinicius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, da Faculdade de Medicina da UFMG, acredita que a criação do parque é uma boa notícia. “A área total que será preservada no Isidoro gira em torno de 50% a 60%”, afirma Marcus, que está acompanhando de perto o processo de urbanização da região. Para ele, a preservação das áreas verdes e dos cursos hídricos acarretará uma sensível melhora na qualidade do ar e do clima da região.

 

O entorno do parque é recheado de histórias que envolvem o médico carioca Hugo Werneck. Ele foi o fundador do sanatório Granja Werneck, ainda em 1928, para internação de tuberculosos. O médico teria escolhido a região por ela ser isolada, com muito ar puro e sossego. “Durante a empreitada, Werneck teria plantado várias espécies que contribuem para a diversidade existente hoje na região”, afirma Polignano.

Hoje, o antigo sanatório acolhe cerca de 70 idosos, iniciativa da Fundação de Obras Sociais da Paróquia da Boa Viagem. O local foi escolhido para ser o primeiro lugar a receber as unidades habitacionais, cerca de 20 mil.

 

De acordo com o coordenador do Projeto Manuelzão, além de preservar o verde é necessário realizar ações nas comunidades no entorno em grande parte carente. “Realizar políticas públicas e melhorar o saneamento básico daquela região é muito importante para a plena vida socioambiental”, ressalta. A previsão é de que os empreendimentos na região atraiam cerca de 300 mil pessoas.

 

 

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