Revista Encontro

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A parede foi repaginada

Liliane Tanure
None - Foto: Jomar Bragança, Geraldo Goulart e Cláudio Cunha

Moda vai, moda vem... Nesta onda, os revestimentos de parede estão retornando como elementos decisivos na decoração. Longe da função estática do concreto, esse tipo de forração, que tem suas coleções revigoradas na batida dos melhores lançamentos internacionais, representa um precioso recurso para quem está pensando em dar cara nova a um ambiente sem arruinar o orçamento e... sem bagunça. Uma parede repaginada tem notável capacidade de transformar espaços, rende efeitos sofisticados, atraentes, acolhedores, inovadores, exclusivos e práticos. Envolvendo esse dinamismo por meio de novo código de cores, texturas e composições, os revestimentos têm mais vantagens: não exigem quebradeira e, melhor ainda, são instalados num único dia. Isso quer dizer: glamour instantâneo.

 

Um dos objetos de desejo da temporada, na linha de revestimentos de parede, é o veludo de algodão, que não esquenta o ambiente e tem durabilidade. Quem traz essa novidade fresquinha é a arquiteta Anaíne Pitchon que, de olho no circuito globalizado de referências (acaba de chegar do Salão Internacional do Móvel de Milão), aponta ainda o linho como mais uma tendência significativa.

Ela avisa que os tons neutros como cinza, bege, preto e branco continuam em alta, mas que para personalizar o espaço, vale lançar mão da cor. “Há um leque de opções, mas as cítricas me chamaram muito a atenção. Os detalhes florais também estão muito presentes nos revestimentos”, diz.

 

O designer Vittorio Torchetti, em um dos ambientes de sua casa decorados com adesivos de parede: “Ficou sensacional, deu vida nova aos espaços”

 

As intervenções nas paredes não se esgotam aí. Anaíne, que é autora de um casting de ambientes valorizados por revestimentos, sabe tirar proveito do oásis de ofertas do mercado, como papéis com aplicações de cristal Swarovski (sem excesso para não carregar o visual), com estampas que mostram historinhas para quartos de bebês e adolescentes, ou texturizados, que lembram fibra natural, dão efeito mais rústico, contrapondo com o mobiliário moderno, e trazem aconchego.
Uma das pessoas que se beneficiaram desses recursos e do poder de criatividade da arquiteta foi a empresária Anna Valeska Boa Sorte, que comanda um spa e uma agência de viagens em Guanambi, sudoeste da Bahia. “No escritório de minha casa, e na recepção e sala de espera do spa, Anaíne optou por um papel que imita palhinha. Gostei muito, por causa do melhor custo e da sofisticação e aconchego que o material trouxe para estes dois ambientes”, comenta.

 

Anaíne também aposta nos adesivos chapados ou em alto-relevo com efeito tridimensional, além das pedras, do couro vinílico (um sintético que se assemelha à seda pura), muitas opções de madeira (que, além do resultado sofisticado, aquecem o ambiente e têm função acústica), e espelhos, que servem como artifício para deixar os espaços expandidos e refletir a parede revestida, valorizando-a duplamente.

 

 

A joalheira Rosália Nazareth, no apartamento decorado por Jacqueline Salomão: “A impressão é de que é autêntico. Além da nobreza do visual, o toque é confortável”

 

Outra profissional do segmento de design de interiores é a decoradora Jacqueline Salomão, que também enumera diversas possibilidades de soluções para vestir as paredes com liberdade e elegância: “O revestimento está no auge, apesar de que em hall e lavabo ele nunca tenha saído de cena”. Entre outras combinações importantes na proposta de paramentar uma parede, Jacqueline sai em busca do acentuado efeito de materiais como papel texturizado, palhinha, madeira, tecido, pintura espatulada, camurça (em papel e tecido), mármore, cortiça (tem também função acústica), finas placas de concreto parafusadas para dar um ar mais rústico, e até caixas formando detalhes, como as de vinho com os rótulos à mostra que ela já usou em parede de adega forrada com rolhas.

 

Em meio à pluralidade de opções, Jacqueline Salomão também chama a atenção para a adequação do uso das cores. “Em ambientes muito grandes, o ideal são os tons neutros, que combinam melhor com os outros componentes; é menos arriscado. Já se o que se deseja é ousadia, vale uma pitada de cores fortes como, por exemplo, o pink no quarto da moça. Como os preços são bons, quando este se tornar inadequado é só substituir por outro”, diz.

 

 

Marcelo Cravez e Thiago Cruvinel, da Viniltec, empresa que é referência na produção de papel de parede: revestimentos preferidos são os de imagens de cenas de filmes, temperos, colheres e taças

 

Na deliciosa empreitada de decorar o apartamento da joalheira Rosália Nazareth, em Lourdes, Jacqueline Salomão preocupou-se com o apuro de cada detalhe. Na parede do hall, ela optou por um papel que imita croco, no tom tabaco. “A impressão é de que é autêntico.

Além da nobreza do visual, o toque é confortável. Me encantei”, diz Rosália, enumerando mais dois outros espaços que tiveram a superfície de suas paredes valorizada por forrações: o lavabo, que foi revestido de um papel que lembra seda (“muito elegante”) e o home-theater, que ganhou em uma das paredes papel com trama que sugere um linhão, em xadrez superdiscreto – “traz muito aconchego”, na opinião da joalheira.

 

Outra arma eficiente para converter a monotonia de um ambiente em espaço convidativo é o versátil vinil autoadesivo, que pode ser confeccionado por meio de duas técnicas: ploter de recorte e impressão digital. Uma das empresas especializadas em comunicação visual, que consegue produzir imagens de pinturas artísticas, bom desenho, tempero lúdico e a beleza de paisagens e cidades é a Viniltec, comandada por Marcelo Cravez.

 

Em total sinergia com atmosferas de diferentes inspirações, a empresa se aventura em tudo – ou melhor, em quase tudo: imagens de cenas de filmes (para home-theaters); de temperos, colheres, taças (para sinalização de cozinhas) e revestimentos (para quartos, salas, halls e lavabos) que imitam tijolinhos, madeira, mármore, bambu, palha, granito, fibra de carbono e pedras, além de estampas florais e listras, reprodução de obras de arte, de pontos conhecidos de cidades de todo o mundo e paisagens. “A criatividade dita as regras”, define Thiago Cruvinel, gerente geral da Viniltec. A bola da vez é o Revest Wall, que vem conquistando o público com texturas que lembram bambu, canvas, linho, madeira, pele de cobra, couro e telas.

 

Quem obteve resultados inusitados em vários ambientes de sua casa foi o designer Vittorio Torchetti, que se valeu das técnicas da Viniltec para aplicá-las em paredes da cozinha (um mosaico multicolorido) e nos quartos de hóspede (bambu mossê), da filha (grafismo infantil) e do casal (estampa floral). “Ficou sensacional, deu vida nova aos espaços, personalizou os ambientes”, festeja. Na verdade, todas essas técnicas formam um acervo de longa-metragem que pode expressar o estilo de ser e as preferências do morador.

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