Revista Encontro

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Maioridade na dança

Marcelo Fiuza
None - Foto: Geraldo Goulart

Maturidade é a palavra usada pela diretora Marisa Monadjemi para definir o momento pelo qual passa a Meia Ponta, companhia de dança fundada por ela e pela bailarina Juliana Grilo em 1989. Após uma trajetória de 10 espetáculos que mostram o desenvolvimento de uma linguagem própria do corpo em movimento, da pioneira experiência de formação de público infantil para a dança contemporânea e da conquista de uma sede própria, o grupo chegou à maioridade com a inquietude de quem sabe fazer, mas quer ousar ainda mais. “Estamos em uma fase muito criativa. Os trabalhos anteriores vieram se solidificando e atingimos a maturidade”, diz Marisa.

 

“É um momento bem feliz, prazeroso; estamos com uma equipe ótima. Dá vontade de fazer cada vez mais na área da criação”, completa a diretora artística da companhia, que finaliza remontagem do premiado espetáculo Entre o Silêncio e a Palavra para estréia em julho, e ainda fará circular pelo interior os infantis Um Lugar que Ainda Não Fui e De Esconder para Lembrar.

 

Primeira experiência da companhia com o coreógrafo Tuca Pinheiro, Entre o Silêncio e a Palavra é um instigante mergulho no universo feminino. “São quatro mulheres em cena. O homem só aparece em vídeo. Nessa remontagem colocamos mais elementos e nova roupagem, mas o contexto, o conteúdo, a trilha e o esqueleto são os mesmos”, diz a diretora do espetáculo.

A peça, que tem vídeos de Leandro HBL, ganhou em 2004 o Prêmio Usiminas/Sinparc de melhor trilha sonora (Kiko Klaus) e o Sesc/Sated de melhor coreógrafo e, novamente, trilha sonora.

 

Marisa destaca, contudo, que a experimentação maior neste ano não está na agenda da companhia, mas na sede desta, o Espaço Cultural Ambiente, no bairro Santa Efigênia, em Belo Horizonte. É lá que está se desenvolvendo o Projeto Vídeo Dança, no qual artistas de ambas as linguagens se juntaram para criação de obras. As apresentações serão em setembro.

 

“Convidamos as pessoas, abrimos o espaço para ensaios, mas deixamos tudo bem livre, não colocamos nem mesmo temas. Alguns artistas já trabalhavam juntos, outros apenas namoravam o trabalho um do outro. Acho que virão coisas bem interessantes”, diz Marisa, sobre os bailarinos Izabel Stewart e Marcelo Kraiser, e Thembi Rosa e Manuel Guerra.

 

Também no Espaço Ambiente acontece, ao longo do ano, o Programa Observatório, projeto que tem por objetivo oferecer aos artistas um lugar para apresentação e experimentação de novas coreografias. “O Espaço Ambiente é um lugar diferenciado. Não é um teatro, é um galpão com pé-direito alto, estrutura de luz e som e um grande palco próximo ao público. Tem sido palco para a dança contemporânea na cidade”, diz a diretora executiva Keyla Monadjemi, filha de Marisa, sobre a iniciativa que recebeu o Prêmio Funarte de Dança Klauss Vianna 2010 e tem o patrocínio da Usiminas, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura.

 

A bailarina Cris Oliveira, que se apresenta neste mês no projeto com a coreografia O Leito por Detrás do Rio, Destilar a Pele, concorda: “O Observatório é oportunidade de apresentar trabalhos experimentais, processuais. Já é característica de Belo Horizonte ter um espaço para mostrar obras dessa natureza”, diz a artista paulista, cuja coreografia é resultado de uma pesquisa sobre “percepção e cinco sentidos”. “Trabalhei com líquidos e filosofia shivaísta tântrica. Estudei filosofia do corpo, práticas somáticas corporais, dança indiana, ioga tibetano, o sentido dos movimentos e o contato dos líquidos com a minha pele”, completa Cris, que, na cena final de sua instalação, banha-se de mel e leite.

 

No caso do Programa Observatório, essa experiência costuma ser dividida com o espectador, como lembra Marisa: “O artista fica para conversar com a plateia, por vezes dá oficina”, diz a também professora que, mesmo com a agenda cheia, planeja novas empreitadas – agora fora dos palcos e na forma de um livro que aborde sua experiência de ensino da dança contemporânea para crianças.

 

 

Observatório 2011

 

Algumas atrações do programa neste ano:

 

– 3, 4 e 5 de junho: Cris Oliveira em O Leito por Detrás do Rio, Destilar a Pele, e Ester França em Vago

 

– 8, 9 e 10 de julho: desCompanhia de Dança (Curitiba, PR) em Feche os Olhos para Olhar

 

– 14, 15 e 16 de outubro: Meia Ponta Cia de Dança em De Esconder para Lembrar

 

Local: Meia Ponta Espaço Cultural Ambiente

Endereço: rua Grão Pará, 185, Santa Efigênia, Belo Horizonte

Ingressos: a partir de R$ 5

Classificação etária: livre

Informações: (31) 3241-2020

 

 

Agenda da Meia Ponta Cia. de Dança

 

Alguns espetáculos do grupo neste ano:

 

– 14 a 17 de julho: Entre o Silêncio e a Palavra, no Teatro Alterosa

 

– 15 a 17 de julho: Um Lugar que Ainda Não Fui, no Teatro Alterosa

 

– 20 de julho: De Esconder para Lembrar, no S.A.C.I.

 

– 23 e 24 de julho: Um Lugar que Ainda Não Fui, no Festival de Inverno de São João Del-Rei

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