Um festival de cinema que almeje ter alguma relevância e constar em restrito circuito deve, antes de tudo, perseguir o quesito “qualidade” nas dezenas de produções preliminarmente inscritas.
No ano passado, foi quase impossível disfarçar o grande buraco deixado pela inédita produção de Malick, que na última hora escapou entre os selecionados, por simplesmente não ter sido finalizada. Contudo, ninguém ficou surpreso. Terrence Malick é um cineasta dificílimo, famoso pela colossal exigência e perfeccionismo que beira à loucura.
Por quase 20 anos, criou-se uma lenda em Hollywood, acerca do paradeiro de Malick. Responsável direto por duas imediatas obras-primas, Terra de Ninguém (1973) e Cinzas do Paraíso (1978), sempre presentes nas listas de “melhores de todos os tempos”, Malick simplesmente desapareceu na década de 1980. Somente no final de 1998, o mundo do cinema presenciou seu ressurgimento a cabo do magistral Além da Linha Vermelha. O filme, indicado ao Oscar no ano seguinte, explicou para toda uma geração, porque seu diretor/roteirista era tão cultuado. A arte de Terrence Malick é uma experiência única, desenvolvida, sobretudo, através do silêncio, com planos ambiciosos e uma espécie de obsessão em revisar o sagrado e o belo.
A Árvore da Vida, filme mais aguardado em Cannes 2011, provocou, como se esperava, muito amor e muito ódio. Nos 2.300 lugares do Palácio dos Festivais partiram manifestações com misto de euforia e repulsa. Os que optaram pelas vaias certamente comungam com parte da crítica, que tacha a filmografia de Malick como uma fábrica incessante de “espuma”. As pausas quase infinitas e o desconcertante silêncio ferem muito os que vivem plenamente no signo da pressa, do imediatismo e da velocidade.
Apontado como o novo 2001 – Uma Odisséia no Espaço, A Árvore da Vida procura repassar séculos e séculos de nossa civilização, além da ilimitada ocupação do planeta – com uma visão mais particular da América dos anos 1950.
Brad Pitt estrela e produz o filme A Árvore da Vida, dirigido por Terrence Malick
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